O voo da barata tonta

Por: Arimatéia Azevedo

Setores governistas se apressaram ontem em classificar como fake news a informação sobre a licitação para registro de preços destinada À aquisição de 222.200 km de voo em um jato biturbinado e de 4.320 horas de voo de um helicóptero monoturbinado potência mínima de 700 SHP. O valor da licitação é uma fortuna: R$ 26.277.681,48 e seu objetivo, um escárnio: “Atender a uma necessidade de locomoção do Exmo. Senhor governador do estado do Piauí, de seus familiares e de outras autoridades”. Ao desmentir a informação, assessores próximos do governador disseram que Gabinete Militar, que cuida do transporte e logística do mandatário, desconhecia o procedimento licitatório. Assessores civis também se esfalfaram nos desmentidos. Só esqueceram de consultar a edição de 19 de novembro do Diário Oficial do Estado, em sua página 17, e o Mural de Licitações do Tribunal de Contas, onde estão o aviso da licitação, o edital e o anexo respectivo. Lá podem ser encontradas todas as informações sobre uma ação que um governo sensato jamais faria, sobretudo, em meio a uma crise financeira e fiscal de grande monta, com o estado sem pagar fornecedores e em agudeza de problemas em hospitais, como a interditada Maternidade Evangelina Rosa.  O episódio da tentativa de escamotear uma informação verdadeira e da admissão que o entorno do governador desconhecia a tal licitação da mordomia aérea podem ser um indicativo de que, depois de três mandatos como governador, Wellington Dias ainda tem dificuldade de governar o governo, que funciona como um arquipélago no qual as ilhas estão todas umas de costa para outras. E, naturalmente, seus donatários pouco interessados que as coisas andem republicanamente.

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