Operação Iscariotes pode envolver políticos: entenda o envolvimento de promotor e empresário

Operação Iscariotes deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (07/08), que envolveu um promotor de Justiça, ganhou novos desdobramentos.

Os nomes não haviam sido revelados pela PF-PI, contudo, parte da imprensa foi recebendo ao longo do dia a informação por parte de fontes de dentro do próprio Ministério Público.

Foi aí que se confirmou o envolvimento do promotor de Justiça Maurício Verdejo Gonçalves Júnior, que atualmente cuida da 6ª Promotoria Criminal da região da cidade de Picos, a cerca de 300km da capital Teresina.

Segundo a nota repassada à imprensa pela própria PF-PI, o promotor foi preso após o empresário Junno Pinheiro Campos de Sousa procurar um agência da Polícia Federal para denunciar que estava sendo vítima de “extorsão” por parte do promotor.

Junno disse à PF que havia sido abordado por Maurício Verdejo dentro de um restaurante no litoral do estado, em julho deste ano, para que ele pagasse uma quantia de cerca de R$ 3 milhões. A quantia seria uma forma de o promotor permitir que o empresário ficasse “em paz”.

Isto é, a garantia de que o processo contra Junno seria arquivado. Desta forma a PF iniciou algumas diligências e, após seguidos dias tentado um flagrante, conseguiu encontrar, dentro de um condomínio da zona Leste de Teresina, Junno entregando o dinheiro à Maurício. As imagens do flagra foram feitas por uma equipe da PF, que estava camuflada.

Por considerar o promotor de Justiça um “traidor” da Justiça e da posição de “fiscal da lei”, a PF deu o nome da operação de “Iscariotes”, em homenagem a Judas Iscariotes, que foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo e que, de acordo com os evangelhos canônicos, foi o traidor que entregou Jesus aos seus captores por trinta moedas de prata.

MAS E QUE INVESTIGAÇÃO É ESSA?

A pergunta que se faz é: mas que investigação é essa contra Junno que Maurício garantiu que iria arquivar? Na verdade, seriam dois processos. Um diz respeito a um habeas corpus envolvendo compra de equipamentos hospitalares, em 2020. O outro tratava de um acidente em que o empresário se envolveu, em 2019. O promotor estava a frente das investigações e chegou a pedir a reabertura. Segundo a PF, ele teria feito isso justamente para poder continuar com a extorsão ao empresário.

O processo de 2020 que envolve Junno Pinheiro tratava de procedimento administrativo para acompanhar a Dispensa de Licitação N° 27/2020, que resultou em um contrato entre a Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares (Fepiserh), na época comandada pelo deputado estadual Pablo Santos, e a Central de Laudos e Serviços Ltda. Esta é uma das empresas de propriedade de Junno. A empresa é especializada em locação de equipamentos médico-hospitalares. É por esse motivo que, segundo uma fonte, a operação pode envolver também alguns políticos bem conhecidos do estado.

Sobre o acidente de trânsito, ocorrido em 2019, Junno Pinheiro foi acusado pelo crime de homicídio doloso pela morte do próprio primo, o arquiteto João Vitor Oliveira Campos Sales, de 23 anos. Junno estaria participando de um racha juntamente com outro amigo empresário, Walber Anderson Portela Mendonça, na avenida Raul Lopes, trecho próximo à Ponte Estaiada. Perdeu o controle do carro, um Audi, que vitimou o primo João Vitor. A audiência já estava sendo marcada novembro deste ano. (Fonte:Eduardo Costa/ OitoMeia)

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