OPINIÃO: Paes Landim e o resultado aquém da sua história

O ex-deputado federal Paes Landim (União Brasil) tentou voltar ao Congresso Nacional nestas eleições, mas teve decepcionantes 8.904 votos e não se elegeu. A chapa do seu partido não atingiu votação suficiente para conquistar ao menos uma cadeira na Câmara. Desse modo, Paes Landim não será nem suplente na próxima legislatura. Aos 85 anos, ele deve concluir uma trajetória política longeva, que vem desde os anos 60.


Ex-deputado Paes Landim (Foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados)

A derrota com essa quantidade de votos não condiz com a história e o legado político construídos. Eleito deputado federal oito vezes seguidas no Piauí, Landim esteve presente na cena política do estado ao longo dos últimos 60 anos. Em 1962, aos 25 anos, ficou na suplência de deputado estadual e chegou a assumir o mandato entre 1963 e 1964, sendo cassado por força do Regime Militar. Ainda no ano de 1962, foi nomeado prefeito do recém-criado município de Socorro do Piauí, e ficou um mês no cargo.

Sua primeira eleição para deputado federal foi em 1986, mandato que lhe permitiu ser um dos membros da Assembleia Nacional Constituinte. Dali em diante foram vários mandatos seguidos: além de 1986, ganhou as eleições de 1990, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014. Em 2018, por pouco não se elegeu, mas como ficou na segunda suplência de sua coligação, acabou assumindo o mandato em alguns períodos ao longo da legislatura. Nas eleições do último domingo (2), o resultado foi decepcionante.

Natural de São João do Piauí, professor universitário aposentado da Universidade de Brasília (UnB) e intelectual do direito, ele não merecia ter o desfecho eleitoral que teve nesta eleição de 2022. Por outro lado, é fato que a idade avançada e as dificuldades e limitações que ela impõe já sinalizavam que a hora de parar se aproximava. A política, como em qualquer outra área, precisa se renovar, dar espaço a rostos novos. Nesse quesito, aliás, o Piauí ainda deixa muito a desejar. Basta olhar a maioria dos eleitos.

Não é a derrota do octogenário Paes Landim que se questiona aqui, pois ela faz parte de um processo eleitoral natural onde uns ganham e outros perdem, mas a forma como ela se deu, o desfecho dele na eleição. A derrota, da forma que foi, não faz jus à sólida trajetória de um político que colecionou vitórias sucessivas ao longo de décadas. Mas Paes Landim tem seu legado e sua história na política do Piauí. Isso ninguém tira.(Gustavo Almeida)

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