Neste 9 de dezembro é celebrado em todo o mundo o Dia Internacional contra a Corrupção. A data foi instituída em uma convenção das Nações Unidas no México, em 2003. Vários países assinaram a convenção, entre eles o Brasil.

Era pra ser uma data bastante lembrada todos os anos, porém, passa em brancas nuvens. No Brasil, onde a corrupção governamental reina desde a chegada da família Real, datas como essa deveriam ser um marco de luta contra corruptos. Não é!
É provável que muita gente saiba tudo sobre a “farofa da Gkay”, evento de uma influenciadora digital, cheio de futilidades, que ocupou a mídia de fofoca nesta semana. Porém, saber sobre as mazelas que a corrupção causa na sociedade brasileira não é um assunto palatável para boa parte da população, apesar de todos serem afetados por ela.
A corrupção ainda está muito longe de reduzida a níveis satisfatórios no Brasil. Falo em reduzir a níveis satisfatórios porque acabar com ela é uma utopia. Temos, infelizmente, uma sociedade em grande parte corrompida e, como como consequência disso, parcela relevante dos nossos políticos e membros do Judiciário são corruptos também.
Vivemos num país onde os órgãos de controle até evoluíram no enfrentamento à corrupção se formos comparar com a quase total libertinagem que tínhamos décadas atrás. Contudo, ainda está muito longe de termos um arcabouço de instituições de controle e de Justiça que consiga inibir a atuação de corruptos, sobretudo no Poder Público.
Infelizmente, os compadrios e as negociatas acabam fazendo com que muitas instituições não cumpram a contento o seu papel fiscalizador e/ou punitivo.
Em 2014, a operação Lava Jato, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), inaugurou uma fase importante do enfrentamento à corrupção no país, colocando poderosos da política e do setor privado na cadeia e desmontando escândalos de corrupção em escalas inimagináveis até então. No entanto, alguns excessos e erros cometidos, aliados à forte reação do sistema corrupto, enfraqueceram a operação até acabarem com ela.
Com o exemplo da Lava Jato jogado no chão (para alegria de corruptos), não há mais grandes expectativas contra a corrupção dos poderosos no Brasil. Sem uma ação forte e coordenada, que atropela burocracias e rigorismos pró-corruptos, o enfrentamento à corrupção nunca será eficaz no Brasil, que possui um sistema de Justiça lento, burocrático e cheio de “jeitinhos”.
Apesar de tudo isso, é preciso acreditar. Ter ciência da realidade de um país que é solo fértil para corruptos é uma coisa, jogar a toalha ou se calar para o que é errado é outra coisa. Se indignar contra o errado não é e nunca foi idealismo. A parcela da sociedade séria, da imprensa séria, dos juízes sérios, dos promotores sérios, dos conselheiros de Tribunais de Contas sérios, dos políticos sérios, precisa estar sempre vigilante.
Não se pode perder nunca a capacidade de, pelo menos, se indignar. Nesse esquecido Dia Internacional contra a Corrupção, pelo menos essa mensagem é importante ficar.(Gustavo Almeida)