Por:Zózimo Tavares
É compreensível o jus sperniandi do PT do Piauí em relação à apreensão de R$ 180 mil, em espécie, com um motorista do senador Wellington Dias, candidato do partido ao Governo do Estado. Os petistas já abriram processos judiciais contra veículos de comunicação e jornalistas que noticiaram o fato. Também já pediram que a reportagem sobre a apreensão do dinheiro seja retirada dos programas dos adversários, no horário da propaganda eleitoral gratuita.
O Tribunal Regional Eleitoral negou o pedido dos petistas. Em sua decisão, o juiz Antônio Lopes, do TRE, considerou que o vídeo não contém “afirmações caluniosas, difamatórias, injuriosas ou sabidamente inverídicas”. Segundo o magistrado, o vídeo que o PT tentou censurar “apenas faz a divulgação de fatos notoriamente expostos na mídia local e nacional”.
Em entrevista sobre o episódio, a presidente regional do PT, Regina Sousa, suplente de senadora de Wellington Dias, disse que há uma tentativa de se fazer exploração político-eleitoral em cima da apreensão do dinheiro que estava no carro do motorista do senador. Para ela, 180 mil reais não valem nada em relação ao derrame de dinheiro que estaria havendo na campanha eleitoral.
Pois é! Em outros tempos, o PT, ao invés de tentar censurar a veiculação da reportagem ou processar jornalistas, faria tudo para que os fatos fossem devidamente esclarecidos. Ainda não foram. Há uma investigação em andamento, mas as informações divulgadas até agora não explicam a origem do dinheiro nem o seu destino.
O que é fato é que os R$ 180 mil estavam escondidos debaixo do banco traseiro do carro pertencente ao motorista do senador Wellington Dias. E só foram achados porque a Polícia Rodoviária Federal, numa operação de rotina, parou o carro em um posto policial do município de Barreiras, na Bahia, vindo a descobrir que o motorista dirigia com habilitação falsa.
A partir de então, os policiais passaram a fazer uma vistoria no carro e encontraram o dinheiro, em 18 pacotes com notas de R$ 100, ainda com o lacre do banco de onde foram sacados, em Brasília. O senador já esclareceu que o carro não era dele, nem o dinheiro. Mas o motorista era. O mais a ser esclarecido fica por conta da investigação que está em curso, agora com a participação do Ministério Público Eleitoral do Piauí e da Bahia.
Imagine, no entanto, que se todo esse dinheiro tivesse sido encontrado pela polícia no carro de um adversário importante do PT, em plena campanha eleitoral. Que juízo os petistas fariam do caso?