Bastidores apontam que o senador Ciro Nogueira pretende trazer o senador Flávio Bolsonaro ao Piauí no dia 22 de janeiro. A agenda, ainda em construção, seria o primeiro movimento mais visível de uma estratégia que mira o início de 2026 e tenta reposicionar Ciro na disputa por uma das vagas ao Senado. A aposta, porém, é considerada arriscada.
Segundo uma fonte ligada ao senador, a visita de Flávio Bolsonaro é tratada como um “marco simbólico” para reacender a militância bolsonarista no estado e sinalizar alinhamento direto com o núcleo mais fiel da direita nacional. Nos bastidores, no entanto, a leitura é de que Ciro atua hoje sem um rumo claro, reflexo da própria desorientação do campo conservador após Jair Bolsonaro lançar o filho como peça central do projeto político, decisão que não passou por consenso interno.
Aliados avaliam que o movimento ignorou nomes considerados mais competitivos eleitoralmente, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e acabou aprofundando fissuras dentro da oposição. Temendo ficar fora do Senado em 2026, Ciro se agarra justamente a uma estratégia associada a elevados índices de rejeição no Nordeste, região onde o bolsonarismo enfrenta resistência histórica — o que amplia o risco de isolamento político.
O quadro das pesquisas reforça a dificuldade. Levantamento recente do Instituto Amostragem indica que, nas intenções de voto atuais, as duas vagas ao Senado estariam com Marcelo Castro e Júlio César, ambos à frente de Ciro mesmo sem endosso formal do presidente Lula. Quando o apoio presidencial é incluído no cenário, a distância entre Júlio César e Ciro aumenta de forma significativa, tornando a reação ainda mais complexa.
Enquanto a oposição tenta se reorganizar, o campo governista dá sinais de articulação antecipada. O deputado federal Júlio César divulgou nas redes sociais uma imagem produzida por inteligência artificial simbolizando a união das forças de esquerda no Piauí, em alinhamento direto com o presidente Lula. Na peça, aparecem lado a lado o governador Rafael Fonteles e os senadores Marcelo Castro e Wellington Dias, reforçando a mensagem de coesão, força política e preparação para 2026.
A leitura política é direta: enquanto a base governista se move com discurso unificado e planejamento, a direita segue fragmentada, sem um projeto claro para o Piauí. A visita de Flávio Bolsonaro pode gerar barulho, mas, nos bastidores, cresce a avaliação de que visibilidade não será suficiente para garantir viabilidade eleitoral. (Sebastian Eugênio)
