O problema do carnaval em março é a vizinhança com o Dia Internacional da Mulher numa época em que a emancipação feminina valoriza mais os seios de silicone do que os sutiãs queimados em praça pública no decorrer das lutas pela igualdade de gêneros. Cá pra nós, fica muito difícil exaltar o papel da mulher no avanço da humanidade com elas peladas, rebolando daquele jeito na TV.
Terça-feira gorda no Brasil, convenhamos, não é ocasião apropriada para celebrar uma data originada em manifestações de operárias russas por ‘Pão e Paz’ às vésperas de 1917. No ocidente, o 8 de março homenageia 130 tecelãs trancadas e carbonizadas dentro de uma fábrica de tecidos na Nova York do final do século 19, durante repressão a movimento grevista por melhores condições de trabalho. Por mais que, no Rio, os desfiles das escolas de samba em 2011 estejam irremediavelmente marcados por outro incêndio, brincadeira com fogo tem hora.
Imagina o constrangimento de Dilma Rousseff, logo no seu primeiro pronunciamento à Nação como presidente no Dia Internacional da Mulher, dividindo a atenção dos queridos brasileiros e brasileiras com a passagem do bloco Calma, Calma, Sua Piranha. Isso tem que mudar!(Tutty Vasques)