Charge do Rico (Arquivo Google)
Carlos Newton
As pesquisas estão aí, realizadas por diferentes institutos, e chegam ao mesmo resultado, demonstrando que nunca antes, na História deste país, houve tamanha aversão à classe política. A imensa maioria da população atingiu um índice recorde de indignação. Esta pesquisa Datafolha não deixa dúvidas, ao indicar que 46% dos eleitores estão indecisos, não apoiam nenhum dos mais de vinte pretendentes. E 23% já resolveram votar nulo ou em branco. Juntos, são 69% de desenganados, desalentados e desgarrados brasileiros, mais de dois terços da população, pois apenas 31% ainda acreditam que algum dos candidatos merece seus votos.
Conforme assinalamos na manhã de domingo, logo após a divulgação da pesquisa no site da Folha de S.Paulo, não há novidade nesse desalento do eleitorado, pois as pesquisas anteriores indicavam a mesma coisa.
A NOVIDADE – Além disso, ao analisar a pesquisa no próprio domingo, registramos que a única novidade era que, pela primeira vez, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) conseguira superar Lula na pesquisa espontânea, a meu ver a única que tem validade, pois o entrevistador apenas faz a seguinte pergunta: “Em quem você pretende votar?”.
É neste quesito – o mais importante – que 46% estão indecisos, 23% vão votar nulo ou em branco, 12% apoiam Bolsonaro, 10% continuam com Lula, e os outros 9% estão divididos entre os demais candidatos. Ou seja, Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos), Rodrigo Maia (DEM), Henrique Meirelles (MDB) e os outros, nenhum deles consegue chegar a 1% dos votos, vejam que fracasso retumbante da democracia à brasileira.
Mas Bolsonaro não está com essa bola toda. Perde no segundo turno para Marina Silva e Ciro Gomes. Aliás, Marina não perde para ninguém no segundo turno. No entanto, isso é só um indicativo, na verdade a eleição ainda não começou.
FALTAM AS ALIANÇAS – Esta eleição é como um casamento em que ainda faltam as alianças. Os candidatos que têm chances – Jair Bolsonaro, Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Álvaro Dias, não necessariamente nesta ordem, precisam fazer forte alianças, se pretendem vencer.
Até agora, ninguém fechou nada. Alckmin é o único que tem espaço suficiente na TV, os outros precisam se virar para fechar alianças. O tucano diz que terá apoio do PTB e do PV, mas a coligação ainda não foi formalizada, é necessário que ele demonstre ter chances.
Todos conversam com quase todos, a confusão da sopa de letrinhas é infernal, porque a ideologia não existe, vale tudo para garantir um naco do poder. Se não fizerem boas aliança, os candidatos Bolsonaro, Marina, Ciro e Alvaro mal aparecerão na TV. É aí que mora o perigo.
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P.S. – Não tocamos na candidatura de Lula, até porque ela não existe, mas vai causar um tumulto federal. O mais provável é que Fernando Haddad aceite o sacrifício de substituir Lula, inclusive porque Jaques Wagner quer se afastar desse cálice. Se houve muitos candidatos, Haddad tem até alguma chance de passar para o segundo turno, sob as asas de Lula. Mas por enquanto, tudo ainda está indefinido. (C.N.)