
Valeu a pena ir, ontem, à reunião do Conselho Deliberativo da Sudene por apenas um motivo: acompanhar a intervenção sóbria, serena e inteligente do governador do Piauí, Wilson Martins (PSB). Após ouvir atentamente o anfitrião Eduardo Campos, que parecia pisar em ovos, chegando ao ponto de defender a tese de que não se deveria emparedar a presidente Dilma, Martins sapecou:
“O governador Eduardo é muito educado. Eu acho que devemos exigir muito mais para o Nordeste. Enquanto estamos aqui discutindo um fundo de R$ 2 bilhões, ainda não aprovado, São Paulo emplaca um trem-bala de R$ 30 bilhões.
Na semana passada, a presidente Dilma esteve em São Paulo e liberou R$ 2 bilhões para o Rodoanel. Isso, sim, é tratamento diferenciado”. Em relação aos royalties, que Eduardo também fez uma intervenção cautelosa, respeitando os Estados produtores, o governador piauiense foi na ferida:
“Se o Rio está, hoje, arrastando uma multidão pelas ruas para não perder receitas que seriam divididas com nós, Estados não produtores, deveríamos levar também o povo às ruas, com a mesma intensidade, para defender nossos interesses”.
É assim que se deve agir uma liderança comprometida com o Nordeste: dando o murro na mesa. Historicamente, o Governo nunca dobrou a União pelo diálogo, mas no grito. A Bahia, lá atrás, com ACM, fez o diferencial.
Há quem discorde do seu estilo, que era arrogante, mas pelo menos para a Bahia, em termos de retorno, deu certo. O Piauí deve se orgulhar também do seu líder.Magno Martins