O Piauí, conquanto suas lideranças arrotem, principalmente nas campanhas eleitorais, que desfrutam de largo prestígio em Brasília, vive de empréstimos. Ontem, a Assembleia Legislativa aprovou mais uma autorização para o governador Wilson Martins contrair novos empréstimos, no valor de R$ 850 milhões, junto ao Banco do Brasil e ao BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Conforme a justificativa do governo, os recursos serão aplicados em obras de infra-estrutura, como a duplicação de rodovias e construção de anéis viários em cidades do interior Estado. A matéria foi lida, discutida e votada em apenas dois dias. O governo nada detalhou sobre o projeto. Foi como se pedisse à Assembleia para assinar um cheque em branco para ele gastar.
O deputado Marden Menezes (PSDB) bem que tentou estabelecer um debate sobre o novo pedido de empréstimo. Ele protestou contra a rapidez na apreciação da mensagem, aprovada a toque de caixa. E ficou por isso mesmo. A bancada do governo é esmagadoramente majoritária. Assim, foi feita a vontade do governador, mais uma vez. A muito custo, o deputado ainda conseguiu aprovar um requerimento pedindo ao Governo do Estado que apresente a relação das obras, os valores a serem aplicados e os nomes dos municípios em que elas serão executadas.
O deputado Ismar Marques (PSB) disse que só este ano o Governo já pagou mais de R$ 860 milhões de dívidas e, por isso, pôde fazer um novo empréstimo, já que, até o momento, o Estado está comprometendo apenas 48% das receitas correntes líquidas. “O Piauí pode comprometer até 200% de suas receitas correntes líquidas”, declarou ele. Só se esqueceu de explicar que o empréstimo foi pago pelo governo com outro empréstimo.
O que fica evidente, nesse esforço do governador Wilson Martins de fazer um empréstimo atrás do outro, seguindo os passos de seu antecessor, Wellington Dias, é que o Piauí não consegue trazer recursos de Brasília para investir no Estado. Daí, para não passar em brancas nuvens, apela para os empréstimos.
É lamentável que o Piauí viva nessa situação. Em 2010, dizia-se que o Estado não conseguia recursos em Brasília por causa de dois senadores que eram da oposição. Há dois anos, não apenas os três senadores do Piauí são da bancada governista, mas também os dez deputados federais. E o que o Estado ganhou com isso? Por:Zózimo Tavares(foto)