Por quê Dilma virou um trapo no dia da votação do impeachment

Ricardo Noblat
Quatro ou cinco motivos recentes que fizeram a presidente Dilma chegar um trapo no dia da votação do seu impeachment na Câmara dos Deputados:
1. Os grampos da Lava-Jato que registraram conversas de Lula subtraíram ao ex-presidente sua imagem de santidade. Foram muitos e revelaram um homem que não respeita a isenção da Justiça, que tenta manipular votos no Congresso, que debocha da presidente escolhida por ele e que é capaz de se referir às mulheres de modo a degradá-las. Sem falar do seu vocabulário chulo. Um dos grampos foi decisivo para que a Justiça suspendesse a posse de Lula como ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República – aquele que flagrou Dilma combinando com ele o envio com antecedência do seu ato de posse. Era uma manobra para tirar Lula da órbita do juiz Sérgio Moro.
2.  A luz vermelha dos políticos sensíveis a apelos do governo para salvar Dilma piscou muitas vezes tão logo o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, apresentou um novo parecer sobre a suspensão da posse de Lula. O velho era relativamente ameno. O novo recomendou a nulidade do ato de posse e a entrega de Lula aos cuidados da Lava-Jato. Isso enfraqueceu o poder de Lula e de Dilma junto aos seus interlocutores.
3. A revelação de que o governo, em troca de votos contra o impeachment, passara a ofertar ministérios, cargos e a liberação de dinheiro para a construção de obras em redutos eleitorais dos deputados, inibiu Dilma, Lula e seus emissários. Inibiu também os próprios deputados. As redes sociais e as famílias dos deputados desempenharam um papel importante na definição do voto deles.
4. A saída do PMDB do governo, e a desenvoltura exibida pelo vice-presidente na caça ao voto para derrubar Dilma, frearam a natural inclinação de partidos de médio e pequeno porte a ficarem com Dilma contra o impeachment.
5. A pá de cal foi jogada pelo Supremo Tribunal Federal ao negar o pedido da Advocacia Geral da União de anular tudo o que acontecera na Câmara até a semana passada com o processo de impeachment.

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