Por que você quer ser vereador?!

Por: Bernardo Silva (*)
Todos os partidos políticos deveriam fazer um teste seletivo com aqueles seus filiados que desejassem ser candidatos a alguma coisa, principalmente a vereador. Isso para não correrem o risco de eleger qualquer coisa. Afinal, já está passando da hora de se exigir candidatos com um mínimo de condições de exercer o papel de representantes da população. Se os bons são maioria, por que ultimamente os eleitos (com as devidas exceções à regra), sempre descambam para práticas que não convêm ao exercício da política maior?
Antigamente a pessoa que se credenciava à disputa de um mandato eletivo tinha serviços prestados. Era uma liderança que surgia no seu bairro. Aquele a quem todos apelavam na hora de pedir um favor, “fora de hora”; aquele que estava sempre à disposição. Se eleito, ele continuava sua prestação de serviços, com o mesmo prazer, porém, com mais condições. Eram as lideranças natas.
Agora, qualquer um que deseje uma ascensão social, esteja desempregado e não veja outra saída para conseguir seus objetivos, sonha logo em entrar na política, sempre pensando que estando dentro dela é fácil ganhar dinheiro. Continuamos lembrando que toda a regra tem exceção. E mais: para alguns desses postulantes à política, às vezes nem é tão importante ser eleito. Já basta ficar na suplência porque a partir daí eles já se acham donos de uma quantidade de votos e começam a fazer planos para negociá-los com algum candidato a deputado, já na eleição seguinte.
Você observa que dos atuais vereadores com mandato poucos foram os que, depois de eleitos, voltaram nas mesmas residências onde andaram pedindo votos, para agradecê-los. E  os que voltaram depois, atendendo uma solicitação, ou para ouvir as demandas do povo, até críticas receberam, porque isso não é comum. O comum é voltar somente quando se aproximar a próxima eleição. O pensamento de alguns é que retornando à periferia vão chover os pedidos. E não é aconselhável gastar tempo e dinheiro fora da época. Além do mais, “eleitor é sempre muito pidão”.
Quando um ou outro vereador eleito sonha em ver realizada alguma coisa em favor das comunidades, utiliza o expediente do requerimento ao prefeito ou ao órgão competente. Mas aí começa a decepção, porque geralmente o prefeito não dá a mínima para requerimento de vereador. Ele quer, sim, que o vereador aprove todos os seus projetos, mas não quer saber de nada que a Câmara lhe encaminhe. Nisso também há exceções. Talvez por isso os últimos prefeitos de Parnaíba estejam usando o expediente do “mensalinho”. E o que é isso? O gestor chama os vereadores de sua base e distribui certa quantidade de portarias para os “representantes do povo” repartirem com os seus. Daí surge os funcionários lagarta, que só aparecem na folha.
Comenta-se que há situações em que as Portarias que a Prefeitura dá para o vereador ele distribui com cabos eleitorais com a condição de que o dinheiro seja repartido meio a meio. E esta seria uma forma do vereador se capitalizar para a eleição seguinte. Quem sabe esteja aí a explicação e o porquê de muitos eleitos pela oposição terminem pulando para o lado do prefeito.
A verdade é que a maioria dos nossos vereadores ao invés de espírito público possui espírito de porco. Porque mesmo frustrado, por estar no fim do mandato, está terminando e não ter visto sequer metade dos seus pleitos mais importantes atendidos, nunca vota e nem questiona um projeto do seu gestor. E sempre está lá, aplaudindo, parabenizando, defendendo tudo de bom e/ou de ruim que seja feito. São eleitos para defenderem o povo, a população, mas defendem apenas os interesses do prefeito. Se for para ser vereador assim, saia fora. É nojento!
(*)Bernardo Silva é jornalista e professor
Fonte:Jornal “Tribuna do Litoral”

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