Povo precisa ir às ruas para barrar a farra de R$ 5 bi do Congresso para o Fundo Eleitoral

Os homens atrás das máscaras com muito dinheiro

Os homens atrás das máscaras com muito dinheiro

Por: Luiz Brandão

Na terça-feira passada (29/09), a Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional aprovou uma instrução que aumenta o fundo eleitoral de R$ 1 bilhão para quase R$ 5 bilhões (R$ 4,9 bi) em 2026. A proposta aprovada por deputados e senadores do governo e da oposição é um escárnio. É um tapa na cara do povo brasileiro. Ela prevê corte de gastos de áreas importantes na vida do país para abastecer esse fundo imoral.

Essa é uma cena repetitiva, mas a resposta do povo precisa ser a mesma. O Congresso Nacional, mais uma vez, surpreende negativamente ao priorizar seus interesses em detrimento da sociedade brasileira. Enquanto cobra austeridade de outros Poderes, deputados e senadores aprovam a elevação dos gastos públicos com o chamado Fundo Eleitoral, o “Fundão”. A proposta é um acinte: aumentar o repasse de dinheiro público para partidos e campanhas em um momento de outras necessidades mais urgentes do Brasil.

Este não é um fato isolado. É um déjà vu de uma luta que o povo brasileiro já venceu outras vezes. Recentemente, a PEC da Blindagem, apelidada de “PEC da Bandidagem” pela opinião pública, foi barrada após uma intensa e legítima pressão popular. A sociedade entendeu que a proposta, que dificultava a responsabilização de políticos, era um atentado contra a justiça e se mobilizou. As ruas virtuais e físicas ecoaram um único recado: “chega!”.

A força política do povo brasileiro, quando se une em manifestação de rua e em campanhas nas redes sociais, é inquestionável. Dados de institutos de pesquisa e reportagens de veículos consagrados mostram que os atos em defesa da democracia após os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 foram massivos. Milhares de cidadãos, em todas as unidades da federação, saíram para defender as instituições e repudiar a anistia aos vandalismos. Foi um claro exemplo de como a mobilização cidadã é um pilar da democracia.

Agora, o alvo é outro, mas o vilão é o mesmo: a cultura do privilégio. O financiamento público de campanhas, que surgiu com o nobre objetivo de combater a corrupção e a influência de grupos de interesse, tornou-se um “poço sem fundo”, ou seja, quanto mais dinheiro os partidos recebem, mais querem. Esse mecanismo, longe de moralizar a política, alimenta máquinas partidárias e permite que “espertalhões” se perpetuem no poder, usando um dinheiro fácil e de controle frágil.

O momento escolhido para essa manobra é o que mais causa revolta. É cinismo puro o Congresso, que critica os gastos do Executivo e do Judiciário, ser o primeiro a dar o mau exemplo, buscando garantir mais recursos do contribuinte para seus próprios cofres. É a classe política mostrando seu rosto mais distorcido, longe daqueles que verdadeiramente representam a nação.

Portanto, a receita para combater esse absurdo já é conhecida e testada. O caminho é a mobilização nacional. É preciso que a sociedade acorde mais uma vez e diga, em alto e bom som, que não financiará com seu suor a farra dos que deveriam zelar pelo bem público. As lições recentes, a da derrubada da PEC da Blindagem e as gigantescas manifestações pela democracia, nos mostram que a pressão popular funciona.

A história recente do Brasil comprova: quando o povo se cansa e ocupa os espaços de debate, a classe política é forçada a recuar. Chegou a hora de, mais uma vez, irmos às ruas, físicas ou digitais, e mostrarmos que o verdadeiro “fundão” é a paciência do brasileiro, e ela está prestes a acabar.

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