Punam o bandido do gabinete

Por:Arimateia Azevedo

Vendo como andam as coisas no Ceará, não é exagerado dizer que houve de fato a falência do Estado, dando lugar as ações nefastas do Crime Organizado. Mas isso tem outros vetores, por exemplo, a promiscuidade nas relações dos agentes públicos incrustrados nos três Poderes.

A pessoa comum deve achar que a definição de Crime Organizado só se aplica ao assaltante de banco, ao assassino de aluguel, ao traficante, enfim, ao bandido comum. As fronteiras do que se define hoje como crime organizado ultrapassam essa definição do cidadão mediano. Aqui mesmo no Piaui, quando este jornalista ousou denunciar o crime organizado, a primeira figura que aparecia no noticiário era a do coronel Correia Lima, que exercia na prática, o comando paralelo da polícia militar do Piauí. Mas ele contava com o apoio, para não dizer uma boa assessoria, de gente do Executivo, do Judiciário, do Legislativo, do empresariado e até da imprensa.

Hoje se vê figurinhas carimbadas do jornalismo que comiam a conhecida sopa na casa do coronel e até eram remuneradas. No Judiciário, se encontravam desembargador e juízes devidamente alinhados. Um deles chegava a se coçar feito macaco (expressão de Domingão, ‘gerente’ do coronel, em gravação da PF) esperando o dinheiro pela sentença prolatada. No Ministério Público, o promotor chamava o então capitão de chefe e, assim, Correia Lima se fazia temido e poderoso. Portanto, se hoje, a polícia investigar profundamente, vai ver que no Ceará toda essa ação dos bandidos das ruas é consequência de ramificações até mais sofisticadas do que na época de Correia Lima. Não mudará nada se não identificarem os bandidos que atuam na rua com aqueles que agem nos gabinetes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *