O governador Wellington Dias declarou, na semana passada, que as elites não querem o ex-presidente Lula de volta ao Palácio Planalto. Sua declaração foi a propósito do cerco da Operação Lava-Jato ao ex-presidente e da última pesquisa de intenção de voto que o posiciona como o primeiro colocado na preferência do eleitorado brasileiro.
O argumento do governador não se sustenta. Não há, nem nunca houve, como ele se queixa, essa bradada discriminação das elites ao ex-presidente, pelo fato de ele ser um ex-metalúrgico e um ex-líder sindical. Ele já não é mais tão aceito entre os brasileiros por outros motivos, não pela sua origem modesta.
Basta lembrar que na primeira eleição direta para presidente da República, em 1989, Lula foi para o segundo turno. Ele deixou para trás nomes bem mais preparados do que ele, como o deputado Ulysses Guimarães (PMDB), o senador Mário Covas (PSDB) e o ex-governador Leonel Brizola (PDT).
Na segunda eleição para presidente, em 1994, Lula não chegou ao segundo turno. Venceu Fernando Henrique Cardoso, que bateu Lula outra vez no primeiro turno em 1998. Na quarta vez que concorreu à presidência, Lula foi novamente para o segundo turno e venceu a parada, contras José Serra, sendo reeleito quatro anos depois, contra Geraldo Alckmin.
Ao final de seu mandato, em 2010, elegeu para a sua cadeira a ex-ministra Dilma Rousseff, outra vez derrotando o tucano José Serra. Na reeleição de Dilma, em 2014, derrotando o senador Aécio Neves, ele foi o seu principal cabo eleitoral. Desde o início do ano, o ex-presidente lidera todas as pesquisas de intenção de voto para 2018.
Onde está, então, a discriminação das elites ao ex-presidente, como reclama o governador do Piauí e outros tantos petistas? Não custa lembrar que Lula governou sem oposição do Congresso, executou políticas de inclusão social e também deu a mão à fina flor da elite empresarial e política brasileira. Uma considerável parte dela ou está na cadeia ou a caminho da prisão. (Por: Zózimo Tavares)