Por: Arimatéia Azevedo
O ano no Brasil, diz uma lenda em tom de piada, só começa após o carnaval. É claro que isso não se configura para a maioria das pessoas. Todo mundo trabalha, tem contas a pagar, impostos a recolher, coisas a fazer e assim o ano mal termina e a faina recomeça sem muito intervalo para se respirar. Mas para os que parecem ter todo o tempo do mundo, a pressa não existe. Nesse compasso, seguem os governantes e as casas legislativas.
Aqui como em Brasília, duas reformas estão paradas. No caso local, a paralisação deve deixar de existir nesta semana, com os deputados cordatamente aquiescendo as alterações na estrutura funcional do Estado, mudada pela quarta vez pelo mesmo governador Wellington Dias (PT), que agora, premido pelas circunstâncias fiscais, tem que usar uma faca em vez de uma caneta – o que poderá destravar o governo, já que o chefe do Executivo renovou o mandato, mas não a equipe, que segue sem definição. No âmbito federal, a reforma da Previdência não andou um centímetro na Câmara, simplesmente porque até agora não está instalada a Comissão de Constituição e Justiça, que aprecia a matéria para permitir sua tramitação.
É um detalhe técnico que faz toda diferença: quanto mais tempo passa, mais o governo precisa ceder nas negociações, o que pode fazer com que a reforma sofra alterações que, se forem grandes demais ou fizerem concessões demais, podem simplesmente transformar tudo em somente um puxadinho. Bem ao sabor dos interesses dos políticos.