Retratado no noticiário ora como símbolo das mazelas do Senado ora como abre-alas da invasão fisiológica ao setor elétrico, José Sarney quer mudar de assunto.O tetrapresidente do Senado disse ao ministro José Eduardo Cardoso (Justiça) que vai constituir um grupo suprapartidário para elaborar projeto de reforma política.
Não especificou datas, mas deu a entender que tem pressa. Quer finalizar uma proposta antes do início do recesso parlamentar do meio do ano.
No segundo semestre, deseja levar a reforma a voto. Por que a correria? Sarney alega que é preciso aproveitar o embalo do início da gestão Dilma Rousseff.
Segundo o raciocínio do morubixaba pemedebê, se ficar para 2012, a reforma política não sai. Ou se faz no primeiro ano ou não se faz, diz Sarney.
Para não partir do zero, Sarney recomendará à comissão que recupere nos arquivos do Congresso projetos já apresentados sobre a matéria, compilando-os.
A iniciativa chega nas pegadas da mensagem em que Dilma expôs ao Legislativo as prioridades de seu governo para o ano de 2011.
O texto foi lido pela presidente há seis dias, em sessão presidida por Sarney. A certa altura Dilma disse, sob aplausos:
“Trabalharemos em conjunto com essa Casa para a retomada da agenda da reforma política”. Animada com as palmas, ela repetiu a frase.
Todos os presidentes do Brasil pós-redemocratização, incluindo o próprio Sarney, prometeram coisa parecida. E a reforma jamais saiu.
Nessa matéria, qualquer mudança que se pretenda profunda e séria tem de contrariar interesses dos parlamentares incumbidos de votá-la.
A coisa sempre começa como um tour-de-force (expressão de origem francesa que significa grande esforço) e termina num enorme tor-de-farsa.(blog do Josias)