Desde domingo à noite uma bobagem que ouví na TV martela-me a cabeça. Daí eu andar perguntando a mim mesmo, repetitivamente: fazer política ou ser político é algo tão feio que um pai não possa recomendar ao filho?
O vice- governador Moraes Sousa Filho deve achar que o pai dele (Antônio José)é um monstro, por haver lhe colocado na política. Isso porque Zé Filho afirmou domingo, ao lado da esposa deputada Juliana, a um programa do colunista social Rivanildo Feitosa (MN), que não aconselhará os filhos a entrarem na política. A entrevista teria sido na casa do casal – na praia do Macapá
De acordo com Antônio Houiss, “Política” é a arte ou ciência da organização e administração de nações, estados; ou o conjunto de princípios ou opiniões referentes ao Estado, ao Poder. Enquanto politicagem é a política de interesses pessoais ou troca de favores. Já o político tem relação com cidadania, exerce influência administrativa em niveis federal, estadual e municipal.
Portanto, não vejo nada de sujo em se orientar alguém, até mesmo um filho, a entrar na política, isto quando a praticamos na sua essência.Quando se pratica a politicagem, aí sim, é vergonhoso. Agora, para um pai mostrar ao filho que a prática da política é saudável, salutar, e que o político é um agente social a serviço do interesse da população, tem de dar o exemplo. Ser o exemplo.
Cadê o exemplo?!
O medo de Moraes Sousa Filho de que os filhos possam seguir o exemplo do pai e do avô, por que será? Acaso o vice-governador é daquele que sabe que estar no desempenho do mandato subtende a obrigação de doar-se à causa dos mais necessitados? Ou é daqueles que usa o mandato para humilhar adversários e usar o dinheiro público em algo que não seja em benefício coletivo? Em farras, por exemplo; ou na aquisição de bens patrimoniais?
Político que deseja um mandato apenas para estar no poder e ter condições de ver aumentada cada vez mais sua conta bancária é um medíocre. Esses nos enchem de vergonha e nos dão asco.
Zé Filho, a meu ver, perdeu uma grande chance de ficar calado. Por nunca, em tempo algum, haver demonstrado interesse pelos livros, o nosso vice-governador deveria ter cuidado com as palavras. Até falar menos, porque fazer promessas, por exemplo, que não possam ser cumpridas não é saudável. Além do mais, ele não pode passar para o Piauí a impressão de que Parnaíba ofereceu apenas um apedeuta para o cargo de vice-governador. E para o povo sustentar.