Desde 2003, o estado vem sendo guiado por uma linhagem petista que se estabeleceu com Wellington Dias, principal arquiteto dessa trajetória, que governou de 2003 a 2010, retornou em 2015 e ficou até 2022. Em seus mandatos, Wellington construiu uma base política sólida, consolidada tanto nas urnas, como o expressivo 63% de votos no terceiro mandato, quanto no aparato administrativo e nas alianças locais. Entre suas sucessões, Wilson Martins governou de forma interina entre 2010 e 2014, mantendo o projeto político do PT no Palácio de Karnak. Em 2022, Regina Sousa garantiu a transição, preparando o caminho para Fonteles, que assumiu em 2023 após a eleição que sucedeu Wellington, agora senador.

Fonteles não chegou a governar por acaso. Ex-secretário de Fazenda na gestão Wellington, ele conheceu de perto os meandros do orçamento estadual e herdou um sistema político e administrativo consolidado. Sua postura discreta diante das perguntas sobre reeleição reflete a convicção de quem não vê, no momento, uma ameaça real capaz de tirar o PT do controle estadual.
A oposição, por sua vez, ainda que movimentada, não se mostra capaz de romper essa blindagem construída em mais de cinco mandatos petistas. O PL tenta montar uma alternativa competitiva com o ex-deputado federal Mainha, enquanto Margarete Coelho (Progressistas) mantém articulações cautelosas, e Lourdes Melo (PCO) representa uma voz crítica e persistente, mas sem força para desequilibrar o cenário. Romper essa fortaleza política exige mais que alianças de ocasião, requer superar uma cultura política enraizada desde 2003.
No silêncio de Fonteles, portanto, reside uma estratégia que é também sinal de confiança: ele governa apoiado numa base sólida, com a certeza de que o ciclo petista no Piauí permanece firme, resistindo às turbulências do cenário nacional e garantindo a continuidade de seu projeto político. (Caroline Vitorino/Gp1)