A TRANSFORMAÇÃO DO PT

Por Carlos Chagas
Ninguém acerta sempre.  Como ninguém erra todas as vezes. O país deve muito ao PT, na realidade a única coisa nova  formada  depois de 21 anos de ditadura, em termos partidários. Uma legenda nascida nos recônditos da indignação nacional e da determinação não apenas da resistência, como foi o extinto MDB, mas da confiança na criação de uma estrutura capaz de representar os anseios da nação que se reciclava. Ao contrário do que se estabeleceu depois,  o PT não era  menor do que  fundadores, mas muito maior.

O tempo  passou. Parte  de seus artífices debandou, a maioria plena de razão. O partido perdeu-se de suas origens. Aburguesou-se.  Ficou igual aos demais.  Hoje, dá lições de como o poder consegue  distorcer  os propósitos mais puros.

Tome-se o seu Quarto Congresso, realizado  no final da semana. Para quem assistiu o Primeiro, em 1981, verifica-se  a inversão completa de valores e de intenções. Naqueles idos, a palavra de ordem era a socialização  dos  meios de produção e a entrega ao trabalhador dos frutos de seu trabalho. Agora, transformou-se na desenfreada corrida em busca de resultados, ou seja,  nomeações à sombra do poder público, assim como na acomodação diante das migalhas concedidas pelos condutores do processo econômico que um dia  os   companheiros combateram. De partido de luta, virou partido de acomodação,  só que para beneficiar seus dirigentes. Sequer resistiu à tentação de integrar-se às estruturas contra as quais  insurgiu-se um dia.

É pena concluir assim, diante da transformação de um PT que um dia pode, mas não quis, e que agora,  querendo, não  pode mais.

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