Por Carlos Chagas
O tempo passou. Parte de seus artífices debandou, a maioria plena de razão. O partido perdeu-se de suas origens. Aburguesou-se. Ficou igual aos demais. Hoje, dá lições de como o poder consegue distorcer os propósitos mais puros.
Tome-se o seu Quarto Congresso, realizado no final da semana. Para quem assistiu o Primeiro, em 1981, verifica-se a inversão completa de valores e de intenções. Naqueles idos, a palavra de ordem era a socialização dos meios de produção e a entrega ao trabalhador dos frutos de seu trabalho. Agora, transformou-se na desenfreada corrida em busca de resultados, ou seja, nomeações à sombra do poder público, assim como na acomodação diante das migalhas concedidas pelos condutores do processo econômico que um dia os companheiros combateram. De partido de luta, virou partido de acomodação, só que para beneficiar seus dirigentes. Sequer resistiu à tentação de integrar-se às estruturas contra as quais insurgiu-se um dia.
É pena concluir assim, diante da transformação de um PT que um dia pode, mas não quis, e que agora, querendo, não pode mais.