Por:Zózimo Tavares
Eleitores do presidente Jair Bolsonaro saíram às ruas, no domingo, em dezenas de cidades brasileiras, em manifestações a favor da Operação Lava Jato e do veto total ao projeto de lei que pune abuso de autoridade aprovado pelo Congresso Nacional.
Os manifestantes acreditam que o projeto escancara as portas para a impunidade.
O texto aprovado na Câmara dos Deputados define os crimes de abuso de autoridade cometidos por servidores públicos, militares, membros dos poderes Legislativo, Executivo, Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
A proposta lista uma série de ações que poderão ser consideradas crimes com penas previstas que vão de prisão de três meses até 4 anos, dependendo do delito, além de perda do cargo e inabilitação por até cinco anos para os reincidentes.
Pressão
A pressão sobre o presidente Bolsonaro para que ele vete a lei é crescente. Ocorre que o presidente ainda tem importantes matérias para aprovar no Congresso.
Assim, é pouco provável que ele tenha condição de peitar o parlamento, vetando integralmente o projeto do abuso de autoridade.
A propósito, com a caneta na mão, Bolsonaro já deu uma guinada no combate à corrupção, uma das principais bandeiras de sua campanha, no ano passado.
As ameaças de intervenção do presidente em órgãos de controle e investigação, como Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Polícia Federal sinalizam que ele mudou radicalmente.
Há um temor de que essa interferência política prejudique o trabalho de entidades que, em atuação conjunta e com autonomia, enfrentam a corrupção.
Está claro também que o presidente vem desidratando o ministro da Justiça, Sergio Moro, símbolo maior de combate à corrupção no país.
Diante disso, talvez Bolsonaro já não seja mais um grande aliado de quem quer varrer a corrupção do Brasil.