Vice e governador falam sobre projetos diferentes para o Piauí

O café é requentado, mas, pelo visto, está queimando a língua de alguém: na convenção regional do PP piauiense, na segunda-feira, o vice-governador Zé Filho criticou a falta de investimentos de peso no Piauí. Não foi a primeira vez que reclamou. Em setembro de 2011, ele fez a crítica pela primeira vez. Depois, saiu a repeti-la para diferentes plateias.

Por isso mesmo, soa estranho o barulho que vem se fazendo em torno da reclamação, ao ponto de ela chegar a merecer uma resposta do governador Wilson Martins. Ele rebateu a crítica do vice garantindo que o Piauí tem projeto, sim. Muito projeto. E obra. Muita obra. Só nos últimos dois anos, foram inaugurados 2.000 quilômetros de estradas asfaltadas, lembra Wilson.
Claro que o Piauí tem projeto. E tem obra. Muita obra. Mas não é desse tipo de projeto nem desse tipo de obra que o vice vem falando. Ele reclama obras federais estruturantes e megaempreendimentos, como porto, refinaria de petróleo, montadora de carros – essas coisas que vêm feitas em outros Estados nordestinos.
A última grande obra federal construída no Piauí foi a barragem de Boa Esperança, inaugurada em 1970. Ainda hoje ela está lá, inacabada, sem as eclusas. De lá para cá, o Estado vive de promessas e embromações. Cito os recentes projetos do biodiesel, vendido como uma revolução energética e econômica, e da fábrica da Suzano.
Não há motivo para o governador ficar amuado. Ele sabe que o vice é um aliado fiel. Por isso, fala francamente. Além do mais, Zé Filho tem sobre seus ombros a responsabilidade de presidente da Federação das Indústrias do Piauí. Entre seus deveres está, portanto, o de reclamar e clamar por investimentos no Estado.
O governador sabe também que esperar pelo governo federal é perda de tempo. Tanto que, num gesto de ousadia, ele tomou dinheiro emprestado para fazer obras que são da inteira responsabilidade do governo federal, como a duplicação das BRs na área urbana de Teresina. Onde mais um governador tomou uma iniciativa como essa? Então, por que ele ficar melindrado com a reclamação de seu vice, que não foi propriamente uma crítica, mas uma autocrítica? Por:Zózimo Tavares

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