
Enquanto o país enfrenta desafios sociais, econômicos e institucionais urgentes, os principais nomes da direita e da extrema direita brasileira parecem mais preocupados com suas próprias disputas internas e interesses corporativos. A cena política deste campo tem sido marcada não por propostas, mas por brigas públicas, ataques pessoais e vaidades infladas.
O caso mais recente envolve o pastor evangélico Silas Malafaia e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro. Em um vídeo divulgado nesta quinta-feira (7), Malafaia não economizou palavras para desferir duras críticas ao senador piauiense, a quem acusa de traição política e oportunismo.
A briga, porém, está longe de ser um caso isolado. O bolsonarismo, principal força aglutinadora da extrema direita nos últimos anos, vive sua própria crise de sucessão. Com Jair Bolsonaro inelegível, seus filhos Flávio e Eduardo travam uma silenciosa — mas notória — disputa pelo direito de suceder o pai como candidato à Presidência da República.
Ambos já se articulam nos bastidores com diferentes alas do bolsonarismo, cada um buscando se posicionar como o legítimo herdeiro político. Eduardo Bolsonaro aposta no discurso mais radical, alinhado ao trumpismo e à ala mais ideológica da direita. Já Flávio, que tem mandato no Senado, busca apoio institucional e costuras com partidos e lideranças conservadoras.
Há também Michelle Bolsonaro. Amparada pelo Partido Liberal (PL), ela é vista como um nome mais palatável do bolsonarismo para o eleitorado feminino e religioso, mas ainda não conseguiu unir a base conservadora em torno de sua possível candidatura.
O que une esses personagens — Malafaia, Ciro, os filhos de Bolsonaro e Michelle — é justamente o que os distancia da realidade brasileira: estão todos mergulhados em lutas internas, vaidades políticas e interesses pessoais. O Brasil real, com seus milhões de desempregados, seu sistema de saúde pressionado e seus desafios educacionais, é completamente ignorado por esse espectro político.
O que se vê é uma direita que só se manifesta publicamente para defender causas próprias, reivindicar privilégios ou brigar entre si. Não há propostas, nem planos para o futuro do país — apenas um espetáculo contínuo de egos feridos, alianças voláteis e disputas por espaço. (piauihoje)