Embora a jogada seja ensaiada e conhecida, sempre para o mesmo lado, como se diria do jogador Garrincha, o gênio das pernas tortas, o governador Wellington Dias não vai abrir mão dela. Ou seja, ele vai escolher pessoalmente os secretários da cota do Progressistas para a sua nova equipe.
Aliás, a escolha já está feita: deputado Hélio Isaías para a Defesa Civil e deputado Wilson Brandão para a Secretaria de Cultura.
E, para não deixar o comando do Progressistas sem graça com mais esse drible político (já tem o da puxada de tapete da vice-governadoria, em 2018, e o da eleição para a presidência da Assembleia Legislativa, este ano), dará ao PP a franquia de chancelar as nomeações e dizer que são indicações do partido, sim, senhor!
Se o PP não topar a parada, isto é, se o partido vier eventualmente a refugar as duas indicações, ou simplesmente lavar as mãos com elas, ainda assim, o governador ficará com os dois secretários, na suposição de que eles serão interessantes para outras siglas.
Olho grande
Neste novo governo, o Progressistas estava de olho em secretarias mais robustas, com maior capilaridade, como a de Saúde.
O partido contribuiu significativamente com a gestão passada do governador e também com a sua reeleição. Então, em suas contas, fez por merecer. Além disso, se sente maior.
Porém, os planos do governador para com o aliado de peso são outros, como se vê.
Ao que se sabe, Wellington Dias ficou chateado com a pressa do Progressistas em levar para a Assembleia Legislativa o primeiro suplente Bessah Filho.
A convocação se deu através de uma articulação do senador Ciro Nogueira que resultou na licença do deputado Júlio Arcoverde, presidente estadual da sigla, para ser secretário municipal de Esportes e Lazer.
A ansiedade progressista atropelou os planos políticos do governador e, agora, na formação da equipe, ele está procurando botar ordem na casa. Isso implica também pôr o PP no seu lugar.
O troco
Se é assim, nesse caso, há que se fazer um desconto na conta do governador.
Em mandatos anteriores, ele chamou filiados de partidos aliados para a sua equipe, através de convites pessoais e diretos, para isolar seus líderes – Mão Santa, no PMDB, João Vicente Claudino e Elmano, no PTB.
Agora, não. Ele repete a mesma jogada não para dar uma rasteira no seu principal aliado, como fez nas vezes anteriores, mas para dar o troco.