Por: Fernando Gomes(*)
A recente disputa política em torno do fim ou não do
Ministério da Cultura nos traz alguns elementos interessantes para se pensar
como é conduzida esta política pública pelos governos nas três esferas de
poder. Vamos pensar? Quais formas de cultura o poder público legitima como “cultura
local”? Quais movimentos culturais são beneficiados pelas políticas de governo?
Para quem a cultura é promovida? Como funciona o jogo do poder entre cultura e
mercado?
Ministério da Cultura nos traz alguns elementos interessantes para se pensar
como é conduzida esta política pública pelos governos nas três esferas de
poder. Vamos pensar? Quais formas de cultura o poder público legitima como “cultura
local”? Quais movimentos culturais são beneficiados pelas políticas de governo?
Para quem a cultura é promovida? Como funciona o jogo do poder entre cultura e
mercado?
A decisão do presidente em exercício Michel Temer de
extinguir o Ministério da Cultura rendeu manifestações por todo o país. Com
amplo apoio da grande mídia, repercutiu tanto que Temer resolveu voltar atrás
da decisão, mantendo o Ministério. Ao refletir sobre este episódio, de
cara, nos ocorre uma primeira constatação: a cultura nunca foi vista pelos
governantes brasileiros como prioridade na agenda política. Um fato que
corrobora esse entendimento é a criação do Ministério apenas em 1985, mesmo havendo
políticas culturais desde os anos 1930. Isso demonstra um atraso na
institucionalização dessa área na política pública pelo estado brasileiro.
Segundo: os interesses do eixo Rio-São Paulo se sobressaem e definem os rumos
da nação, inclusive como gastar o parco orçamento da pasta.
extinguir o Ministério da Cultura rendeu manifestações por todo o país. Com
amplo apoio da grande mídia, repercutiu tanto que Temer resolveu voltar atrás
da decisão, mantendo o Ministério. Ao refletir sobre este episódio, de
cara, nos ocorre uma primeira constatação: a cultura nunca foi vista pelos
governantes brasileiros como prioridade na agenda política. Um fato que
corrobora esse entendimento é a criação do Ministério apenas em 1985, mesmo havendo
políticas culturais desde os anos 1930. Isso demonstra um atraso na
institucionalização dessa área na política pública pelo estado brasileiro.
Segundo: os interesses do eixo Rio-São Paulo se sobressaem e definem os rumos
da nação, inclusive como gastar o parco orçamento da pasta.
A Cultura de um País, além de sua identidade, é a sua alma.
As pastas da Cultura (ministérios e secretarias) não devem ser um balcão de
negócios. Nessa perspectiva, o Brasil, o Piauí e a Parnaíba precisam rever
o seu papel enquanto indutores da política cultural e das próprias manifestações
culturais, a partir de uma dinâmica que perceba a sociedade, nas suas mais
diversas formas de expressão e contato social, como agente do campo da cultura
e que se presta a manter vivo o discurso da memória, tradição e da própria
identidade.
As pastas da Cultura (ministérios e secretarias) não devem ser um balcão de
negócios. Nessa perspectiva, o Brasil, o Piauí e a Parnaíba precisam rever
o seu papel enquanto indutores da política cultural e das próprias manifestações
culturais, a partir de uma dinâmica que perceba a sociedade, nas suas mais
diversas formas de expressão e contato social, como agente do campo da cultura
e que se presta a manter vivo o discurso da memória, tradição e da própria
identidade.
Enquanto política pública, a cultura deve ser pensada nas
suas três dimensões, sem atribuir aqui uma escala de valor. A primeira é uma
dimensão simbólica, sendo essencial da condição humana. A segunda como um
direito. E a última, ganhando também destaque como uma economia estratégica
para o desenvolvimento local.
suas três dimensões, sem atribuir aqui uma escala de valor. A primeira é uma
dimensão simbólica, sendo essencial da condição humana. A segunda como um
direito. E a última, ganhando também destaque como uma economia estratégica
para o desenvolvimento local.
A cidade de Parnaíba mesmo tendo uma cultura que é atraente
e bastante diversificada carece de uma política pública que não ignore a sua
importância social e econômica. A administração municipal exprime um déficit
nesse conceito. De forma estreita credita à nossa cultura as resumidas
manifestações carnavalescas e juninas (bois e quadrilhas) que, a despeito
também de merecerem o devido apoio, ficam com a quase totalidade do orçamento
anual estabelecido para o setor em detrimento do rol existente.
e bastante diversificada carece de uma política pública que não ignore a sua
importância social e econômica. A administração municipal exprime um déficit
nesse conceito. De forma estreita credita à nossa cultura as resumidas
manifestações carnavalescas e juninas (bois e quadrilhas) que, a despeito
também de merecerem o devido apoio, ficam com a quase totalidade do orçamento
anual estabelecido para o setor em detrimento do rol existente.
São João da Parnaíba
Ainda assim, o carnaval e o São João da Parnaíba são
mantidos muito mais pela abnegada força de vontade e determinação dos grupos
culturais que fazem essas festas, posto que a prefeitura há muito os desvaloriza
e maltrata, pagando as premiações estabelecidas em cada programação com muito
atraso.
mantidos muito mais pela abnegada força de vontade e determinação dos grupos
culturais que fazem essas festas, posto que a prefeitura há muito os desvaloriza
e maltrata, pagando as premiações estabelecidas em cada programação com muito
atraso.
Depois de 21 anos de produção o espetáculo da Via Sacra “Um
homem chamado Jesus” deixou de ser encenado em 2016 por falta do apoio
prometido pela prefeitura e descartado em última hora.
homem chamado Jesus” deixou de ser encenado em 2016 por falta do apoio
prometido pela prefeitura e descartado em última hora.
No início da atual administração, Parnaíba, também teve sua
Secretaria de Cultura extinta. Foi reduzida à Superintendência. Mas pior que
perder o status é continuar sendo levada no faz de conta!
Secretaria de Cultura extinta. Foi reduzida à Superintendência. Mas pior que
perder o status é continuar sendo levada no faz de conta!
Já tivemos a Companhia de Dança Balé de Parnaíba, temos uma
Concha Acústica obsoleta, quadras poliesportivas abandonadas, grupos culturais
sem nenhum tipo de apoio, etc. Por outro lado, temos muito que celebrar! Os
Museus: do Trem, da Caixeiral e Casa Simplício Dias; o maluco do idealizador da
casa de cultura Teatro Saraiva; iniciativas culturais do SESC; a grandeza do
grupo Raízes do Nordeste para exemplificar a luta árdua na defesa das artes
cênicas sem apoio; o “Piagüi Culturalista”; os artistas das letras da geração
de Assis Brasil a Diego Mendes; artes plásticas com F. Pedro e Paulo Gaspar;
escultura nas mãos habilidosas de Guilherme; a luta de Dona Lozinha Bezerra no
IHGGP; Benjamin Santos e o jornal “O Bembém”; Benedito dos Santos Lima e o
“Almanaque da Parnaíba”; O jornal “Inovação” com Reginaldo Costa, Elmar
Carvalho, Bernardo Silva, Canindé
Correia e Franzé Ribeiro; a musicalidade de Teófilo, Pituca (in memorian),
Gregório e tantos artistas da cidade; o artesanato, as danças, a capoeira, o
reizado, as comidas típicas e a arte cerâmica…, uma riqueza, uma beleza!
Concha Acústica obsoleta, quadras poliesportivas abandonadas, grupos culturais
sem nenhum tipo de apoio, etc. Por outro lado, temos muito que celebrar! Os
Museus: do Trem, da Caixeiral e Casa Simplício Dias; o maluco do idealizador da
casa de cultura Teatro Saraiva; iniciativas culturais do SESC; a grandeza do
grupo Raízes do Nordeste para exemplificar a luta árdua na defesa das artes
cênicas sem apoio; o “Piagüi Culturalista”; os artistas das letras da geração
de Assis Brasil a Diego Mendes; artes plásticas com F. Pedro e Paulo Gaspar;
escultura nas mãos habilidosas de Guilherme; a luta de Dona Lozinha Bezerra no
IHGGP; Benjamin Santos e o jornal “O Bembém”; Benedito dos Santos Lima e o
“Almanaque da Parnaíba”; O jornal “Inovação” com Reginaldo Costa, Elmar
Carvalho, Bernardo Silva, Canindé
Correia e Franzé Ribeiro; a musicalidade de Teófilo, Pituca (in memorian),
Gregório e tantos artistas da cidade; o artesanato, as danças, a capoeira, o
reizado, as comidas típicas e a arte cerâmica…, uma riqueza, uma beleza!
Destaque atual foi a iniciativa de ambientalistas que
sugeriram ao Executivo a proposição de projeto de lei que torna tartarugas
marinhas patrimônio natural do município de Parnaíba, visando fortalecer o trabalho
de conservação da fauna marinha encontrada no Delta do Parnaíba, a exemplo de
Cajueiro da Praia que tem a figura do Peixe-Boi Marinho.
sugeriram ao Executivo a proposição de projeto de lei que torna tartarugas
marinhas patrimônio natural do município de Parnaíba, visando fortalecer o trabalho
de conservação da fauna marinha encontrada no Delta do Parnaíba, a exemplo de
Cajueiro da Praia que tem a figura do Peixe-Boi Marinho.
Salão do Livro de Parnaíba
Também merecedor de destaque é a realização do Salão do
Livro de Parnaíba (SALIPA) promovido pela Superintendência Municipal de
Cultura, aqui se reconhece o esforço do jovem gestor desta pasta, Helder Souza.
O SALIPA é um sucesso e no ano passado registrou a sua sexta versão, numa prova
inconteste de que a sociedade não quer só comida, mas diversão e arte (Titãs).
Você cidadão tem fome de quê? Você tem sede de quê?
Livro de Parnaíba (SALIPA) promovido pela Superintendência Municipal de
Cultura, aqui se reconhece o esforço do jovem gestor desta pasta, Helder Souza.
O SALIPA é um sucesso e no ano passado registrou a sua sexta versão, numa prova
inconteste de que a sociedade não quer só comida, mas diversão e arte (Titãs).
Você cidadão tem fome de quê? Você tem sede de quê?
(*) Fernando Gomes,
sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.


