A tragédia de Mariana era um retrato na parede que se tornou realidade novamente

Na lama,as equipes de resgate continuam buscando as vítimas

Roberto Nascimento

Como dói em nós agora essa tragédia de Brumadinho, um repeteco de Mariana, tão igual que a mesma empresa, a Vale, está no epicentro do rompimento da barragem. O tema da destruição do planeta, provocado pelas agressões ao meio ambiente, tão propalado pelos cientistas e negado por políticos e governantes de todas as tendências, é crucialmente necessário e suficiente. Desconhecem essa situação somente os céticos e aqueles que não querem ver a realidade lancinante sobre nossas retinas fatigadas pelo tempo.

O exemplo chinês também é devastador. A China, na busca desenfreada rumo ao sistema capitalista, está acabando com o meio ambiente.

CHINA E BRASIL – O ar em algumas megalópoles chinesas encontra-se insuportável. Avança a desertificação em amplo território e o Rio Yan Tsé, outrora chamado de “Rio Amarelo”, de tão poluído suas águas não alcançam mais o oceano Pacífico. É preciso ser um cientista para se compreender o caos que isso representa?

Olhando para nosso umbigo, que também é desesperador, em recente noticiário os órgãos de controle ambiental atestaram que uma área na Amazônia correspondente a quatro vezes o Estado de São Paulo foi desmatada. Novamente, será que isso não representará nada em relação ao aquecimento global, na desertificação das áreas atingidas e principalmente na formação de nuvens e consequentemente na precipitação das chuvas até aqui, no Rio de Janeiro, cujo calor insuportável, chegando próximo a 45ºC, vem castigando o povo carioca de maneira implacável?

RIO DEGRADADO – Por falar em Rio de Janeiro, essa cidade que já foi maravilhosa e de encantos mil, sob o escudo da Copa e das Olimpíadas nossas áreas verdes foram sendo destruídas para dar lugar a prédios, arenas esportivas e corredores de ônibus.

O bairro de Jacarepaguá, antes um santuário de áreas verdes, está hoje irreconhecível em meio à selva de pedra que avança celeremente em direção ao Recreio, às Vargens, ao Alto da Boa Vista e seguindo em direção à Pedra de Guaratiba. O impacto sobre a Lagoa de Jacarepaguá, oriundo do Rio Arroio Pavuna , dentre outros rios e córregos poluídos com esgoto in natura, que desembocam lá em quantidades incomensuráveis, por si só, trata-se de um absurdo.

Várias espécies de peixes, de animais, de plantas, enfim, da biodiversidade da mata atlântica, se tornarão sonhos de uma noite de verão para as futuras gerações.

IMPORTÂNCIA – Não é possível crer que algumas pessoas não compreendam a importância das pererecas, dos micos, dos gambás, dos jacarés de papo amarelo, das capivaras e das árvores nativas ao redor das restingas e das lagoas de Jacarepaguá e também que a extinção de algumas dessas espécies não afetarão o meio ambiente local e global.

A vida no planeta é tão interligada nas suas intermináveis conexões e vasos comunicantes, que tudo está ligado a tudo na interdependência universal. Portanto, se um desses vasos se rompe, pode desencadear um desequilíbrio de grandes proporções.

IMITANDO OS EUA – Ao invés de nos preocuparmos com o meio ambiente, fazemos o contrário, enfiamos a cabeça dentro da areia, a nos preocupar com uma eventual guerra nuclear. Enquanto, essa hecatombe não acontece, nós vamos praticando outros crimes ambientais em menor escala, até que tudo se transforme em uma grande Manhathan com seus prédios cada vez mais altos, a ponto de encobrir os raios do Sol e a vista da Lua.

O meio ambiente de Minas Gerais está sangrando mais uma vez. Até quando continuará o rompimento das barragens mineiras e das inúmeras barragens existentes na Amazônia, das quais nem sabemos o que acontece lá.

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