Por: Fenelon Rocha
Está feia a coisa no sistema prisional piauiense. Há algumas semanas, a falta de gasolina impediu que presos fossem transportados para audiências de custódia, em Teresina. Agora, um documento assinado pelo diretor da penitenciária de Bom Jesus alerta para a falta de comida naquela casa de detenção.
Comida é o limite do limite. E se falta comida, o que não estará faltando nos presídios…
O ofício, com data de assinatura da última segunda-feira, alerta para a gravidade do problema que é a falta de alimentação, estopim mais que previsível para tumultos e revoltas. O momento é especialmente crítico, já que grandes datas – como Natal, ano novo, carnaval e Semana Santa – costumam gerar ânimos mais exaltados dentro dos presídios.
E o carnaval é amanhã.
As perspectivas negativas são destacadas pelo diretor da penitenciária, Ronnald Oliveira. Segundo o ofício encaminhado ao secretário Daniel Oliveira, a falta de comida pode ter efeito imediato, porque “isso pode interferir nas nossas atividades diárias, pois a falta de alimentação pode gerar tumulto nos pavilhões”, diz o texto. Daí, o diretor faz um apelo com tom dramaticamente compreensível: “Portanto, pedimos encarecidamente a V. Exª que tome as providências cabíveis para solucionar tal fato”.
Cabe ainda observar que a penitenciária de Bom Jesus reproduz uma realidade geral do sistema prisional piauiense e também nacional: a superlotação. De acordo com o mesmo ofício de Ronnald Oliveira, o presídio tem vagas para 76 internos em regime fechado, mas neste momento estão confinados 130 detentos.