Por Carlos Chagas
Ainda sujeita a aumentar, a estatística do Carnaval revela o abominável número de 189 mortos em acidentes de trânsito, em todo o país, além de 2.152 feridos em 3.563 acidentes. Descontada ou acrescida pela imperícia e a irresponsabilidade de motoristas, ou somada ao lastimável estado das estradas, a conclusão óbvia é de que carro mata. Caminhões e ônibus, também. São máquinas mortíferas.
Quem fuma é submetido às maiores discriminações e humilhações, ficando para outro dia a evidência de que na juventude fomos expostos à mais espetacular das propagandas, capaz de induzir-nos ao vício. Não havia um herói ou uma mocinha que não fumasse nas mais diversas situações, na tela dos cinemas.
Ao comprar um maço de cigarros, somos obrigados a levar, também, execráveis imagens de gente sem perna, com feridas à mostra, estatelada em leitos de hospital, com as entranhas de fora e mais horrores idealizados pela fúria dos não-fumantes.
Cigarro mata? Mata. Mas se é para adotar medidas radicais contra o fumo, que se fechem as fábricas, que se proíba o seu funcionamento e a comercialização de seu produto. A isso, porém, não chegam nem chegarão os adversários do cigarro, quando autoridades. Ou as fábricas não contribuem com fabulosas taxas e impostos para os cofres públicos, além de grandes doadoras em todas as campanhas políticas?
O raciocínio precisa continuar: carro mata, e em certos períodos mais do que o cigarro.
Por que, então, ao saírem das montadoras, os automóveis, caminhões e ônibus não são obrigados a ter incrustadas em seus pára-brisas imagens de desastres horrorosos, como alerta dos riscos a que estarão correndo motoristas e passageiros?
Mais ainda, por que não proibir, como proibiram a propaganda de cigarros, também a propaganda desses carrões, inundando nossas telinhas e atormentando nossa paciência, sem falar nos anúncios em jornais, revistas e sucedâneos? O carro mata? Então que se adote, diante dele, as mesmas providências tomadas contra o cigarro.
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