A política passada de pai para filho não é uma exclusividade do Piauí, mas não há como negar que essa tradição encontra em solo piauiense um terreno bem mais fértil do que em outros estados do país. A prova disso são os resultados das eleições de outubro deste ano. Dos 30 eleitos para a Assembleia Legislativa, 12 são filhos de deputados ou ex-deputados. É 40% da composição do parlamento estadual. Não é pouca coisa.

Tradição de pai pra filho segue a todo vapor na Assembleia do Piauí (Foto: Thiago Amaral/Alepi)
Wilson Brandão (Progressistas), reeleito para seu nono mandato seguido, é filho do ex-deputado estadual Wilson de Andrade Brandão, que exerceu seis mandatos na Assembleia Legislativa do Piauí entre 1967 a 1991. Vale registrar que o avô materno de Wilson Brandão também já foi deputado. Ao todo, a família tem quase 60 anos na Alepi.
Brandão não é o único. Severo Eulálio (MDB) foi reeleito para o terceiro mandato seguido. Ele é filho de Kleber Eulálio, que foi deputado estadual por quase 30 anos. Severo Eulálio carrega o nome do avô Severo Maria Eulálio, que também foi deputado estadual, deputado federal e prefeito de Picos. São muitas décadas da família Eulálio no poder.
Entre os ‘novatos’ eleitos em 2022, um dos casos que chama atenção é o do jovem Felipe Sampaio (MDB). Ele é filho do deputado estadual Themístocles Filho (MDB), deputado estadual há mais de 30 anos e atual presidente da Assembleia. O avô de Felipe, Themístocles de Sampaio Pereira, também exerceu mandatos na Assembleia do Piauí por vários anos seguidos. É a terceira geração da família no cargo de deputado estadual.
Gracinha Mão Santa (Progressistas), como o próprio nome indica, é filha de Mão Santa, atual prefeito de Parnaíba. Mão Santa já foi senador e governador do Piauí, mas começou a carreira política como deputado estadual. Ele foi eleito para a Assembleia Legislativa do Piauí em 1978, pela antiga Aliança Renovadora Nacional (Arena). Agora é a vez da filha.
Confira a lista dos deputados estaduais cujos pais já foram ou são deputados

A relação ficaria ainda maior se fossem incluídos outros tipos de parentesco. Se 40% são apenas aqueles filhos de deputados ou ex-deputados, esse percentual daria um salto se fôssemos considerar irmãos de ex-deputados, sobrinhos, filhos de prefeitos ou ex-prefeitos. Nesse caso, o percentual chegaria a 60% da bancada eleita.
Hélio Isaías (PT), Ana Paula (MDB) e João Mádison (MDB), por exemplo, não são filhos de ex-deputados, mas já tiveram irmãos com mandato na Assembleia Legislativa do Piauí. Aldo Gil, novato eleito, é filho do atual prefeito de Picos Gil Paraibano (Progressistas) e primo da ex-deputada estadual Belê Medeiros. Janaínna Marques (PT), reeleita para o terceiro mandato, é filha de um ex-prefeito e sobrinha de um ex-deputado estadual.
O nome é Assembleia Legislativa do Piauí, mas poderia ser ‘Assembleia Hereditária do Piauí’. (Gustavo Almeida)