Por: Benedito Gomes (*)
A história do caminhão começou lentamente, lá pelos idos de 1800, na Europa, em especial na França, onde já se pensava em abrir estradas onde pudesse trafegar algo além de cavalos, para os quais as estradas eram projetadas na época. Aliás, eram apenas grande veredas. Com a evolução da máquina a vapor e depois motores a gasolina e diesel ,carros e caminhões tomaram conta das estradas pelo mundo à fora.
Não faz muitos anos que os caminhões chegaram em nossa região. Eram pequenos, com apenas seis pneus e projetados para quatro a seis toneladas de cargas. O motor à gasolina era acionado por uma manivela e a tripulação formada por um chofer e um ajudante instalados na boleia. Os passageiros viajavam na carroceria, segurando em uma peça de madeira chamada gigante.
O país alcançou alto grau de desenvolvimento na indústria, no comercio e na agropecuária. As estradas de areia, pedras e lama se transformaram em rodovias asfaltadas; os pequenos caminhões passaram chamar-se trucados, carretas e o conjugado bi-trem. O velho chofer passou a ser conhecido como o honroso e respeitado nome de caminhoneiro. E são estes homens que passam mais tempo de sua vida em cabine de caminhão; mais tempo vivendo nas estradas do que em suas próprias casas. Dias, semanas e até meses, distante da esposa, filhos e demais familiares. O dia do caminhoneiro começa sempre às quatro horas da manhã, sem hora para terminar. São dias cansativos e noites mal dormidas. Pagam IPVA, seguro, licenciamento, pedágio e tudo mais que se pode cobrar de quem trabalha. Enfrentam estradas esburacadas, sem acostamento, péssima sinalização e, mesmo assim, estes destemidos brasileiros transportam milhões de toneladas de todo e qualquer tipo de mercadoria, abastecem os portos com produtos de exportação e o mercado interno com tudo o que nós brasileiros consumimos.
Temos talvez o frete mais caro do mundo por quilômetro rodado, isso provocado pelo preço do combustível que, além de caro, não é de boa qualidade.
Nos últimos anos nosso pais foi envolvido pelo manto da corrupção e para mantê-la a maneira mais fácil é aumentar imposto. Grandes taxas foram destinadas aos combustíveis, cujo aumento diário atingiu em cheio os maiores consumidores, nossos heróis da estrada e eles não pegaram em armas, não usaram canetas, não montaram palanques… eles pisaram no freio, estacionaram nas pistas, acostamento, pátios, e pararam o Brasil, ganharam respeito e admiração da maioria do povo brasileiro.
No segundo dia de greve já se previa que seria devastadora, à medida que se prolongasse. No quinto dia já se confirmava a escassez de diversos produtos e gênero alimentício.
O presidente da republica se reunia com assessores e procurava solução para por fim da crise, o que vinha conseguindo a passos lentos. Enquanto isso câmara federal, senado federal, assembleias legislativas e governadores, simplesmente cruzaram os braços como se nada estivesse acontecendo.
Nossos caminhoneiros mostraram ao Brasil que o poder emana do povo e em seu nome será exercido. Nossos políticos confirmaram que não tem nenhum interesse e nem respeito por aqueles que, através do voto, lhes dão o poder de governar.
Em cinco dias de greve o Brasil quase parou, pois quem trabalha ,quando pára, sua ausência é notada. Entretanto, se o congresso nacional entrar de greve, mesmo por um período de trinta dias, não irá fazer falta a ninguém.
Somos gratos aos senhores caminhoneiros. São fortes, unidos, bravos e tem coragem de mostrar a cara. Parabéns!!!
(*) Benedito Gomes
Contador-UFPI