Ciro Nogueira: bajulação pública, conspiração nos bastidores

Ciro Nogueira: bajulação pública, conspiração nos bastidores

O senador Ciro Nogueira voltou a usar as redes sociais para reforçar sua devoção pública a Jair Bolsonaro. Em postagem no X, ele exaltou o ex-presidente como “o maior líder popular da direita brasileira da história do país”, destacando ainda que, durante o período em que chefiou a Casa Civil, só teria presenciado “atos de amor ao Brasil e de absoluta honestidade”. Palavras fortes, que soam como bajulação calculada, especialmente diante do momento de fragilidade política de Bolsonaro após as condenações no Supremo Tribunal Federal.

O discurso, porém, não resiste a uma análise mais atenta dos bastidores. Enquanto posa de aliado incondicional nas redes, Ciro articula em silêncio outro projeto: a construção de uma candidatura presidencial em torno de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Nesse arranjo, ele próprio se colocaria como opção a vice-presidente, uma estratégia que visa não apenas fortalecer o Progressistas, mas também afastar Bolsonaro e sua família do centro das negociações.

A contradição salta aos olhos. Se Bolsonaro é “grande” como proclama Ciro, por que então apostar em Tarcísio e se oferecer para a vice? A resposta é simples: pragmatismo político. O senador sabe que o peso das condenações e das investigações fragiliza o ex-presidente e ameaça inviabilizar sua participação direta nas eleições de 2026. Ao mesmo tempo, reconhece em Tarcísio a figura capaz de unir setores da direita e do empresariado sem carregar o desgaste que acompanha a marca Bolsonaro.

Nesse jogo duplo, Ciro Nogueira faz o que sempre soube fazer: preservar espaços de poder. A lealdade ao bolsonarismo é mais retórica do que prática, um aceno à base radical enquanto as costuras reais se dão em outra direção. O silêncio estratégico sobre o futuro de Bolsonaro e o entusiasmo discreto por Tarcísio confirmam que a bajulação nas redes sociais é apenas parte de uma encenação política.

No fim das contas, o senador piauiense usa Bolsonaro como vitrine, mas já mira um novo projeto de poder no qual o ex-presidente e até mesmo os filhos são colocados de lado. A “honra” de ter sido chefe da Casa Civil vira peça de marketing para manter proximidade com a base bolsonarista, ao passo que, nos subterrâneos da política, Ciro trabalha para garantir seu espaço numa chapa presidencial que possa herdar a força da direita sem depender do destino judicial de Jair Messias Bolsonaro.(pensarpiaui)

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