Cozinha com moscas. Freezer e geladeira enferrujados e madeiras com cupins, assim passam o dia os idosos do único abrigo de Parnaíba, no Litoral do Piauí. A obra inacabada no local foi matéria no mês de junho, na qual mostrou que a situação insalubre do local e quando existiam 17 internos, pois um deles acabou falecendo vítima de uma pneumonia.
Segundo o promotor Cristiano Peixoto, a morte será apurada. O Ministério Público quer saber se o falecimento tem relação com os problemas enfrentados pelo abrigo há oito meses, desde quando se iniciou uma obra de reforma.
Não é só a questão da obra em si. O governo precisa olhar para toda estrutura”, disse o promotor Cristiano Peixoto sobre as obras do abrigo.
“O que a gente observa desde o início dessa obra, é uma inadequação de se fazer uma reforma desse porte com os idosos dentro. São pessoas que têm uma saúde frágil. Então, é poeira, juntou com o inverno, tem a condição do mofo com poeira. Isso pode ter causado a pneumonia e precisa ser investigado, sim”, afirmou Cristiano Peixoto.
Dona Adalgisa tem 97 anos, lúcida e em poucas palavras ela resume o que está acontecendo quando perguntado sobre a reforma. “Está muito custosa. Começa, depois para. E a limpeza por aqui está parada”, desabafou Adalgisa Albuquerque.
Na primeira denúncia, de acordo com uma denunciante, que preferiu não se identificar, a situação na qual se encontra o abrigo é de descaso e falta de estrutura mínima aos cuidados dos idosos. Ela relatou que tinha larvas no ouvido de um dos idosos.
A obra do abrigo São José, orçada em quase meio milhão de reais, era pra ser entregue em um prazo 90 dias. No dia 7 de junho, a diretora informou que até julho a reforma seria finalizada. Mas até agora, a realidade continua a mesma.
A parte dos alojamentos, antes sem teto forçou os idosos a ficarem no compartimento de forma improvisada durante meses. Atualmente, os quartos já foram concluídos. O local está com acessibilidade e com telhado em todos os ambientes.
“Realmente houve um atraso, mas os idosos já estão todos em seus aposentos, que era o de maior necessidade. Está faltando só algumas finalizações, mas acredito que o prazo pra concluir continua sendo até o final de julho”, garantiu a diretora.
O Ministério Público do Piauí instaurou um procedimento para apurar o caso e notificou o Tribunal de Contas do Estado do Piauí, o Governo do Estado e a empresa responsável pela obra. Somente a empresa respondeu os ofícios do órgão e informou as dificuldades em receber os pagamentos por parte do Estado.
Por Kairo Amaral, G1 PI