Culpados pela tragédia

Considerei estranho o posicionamento do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que, ao se pronunciar, oficialmente, sobre o incêndio numa boate em Santa Maria (RS), no qual morreram 233 pessoas, afirmou que a prioridade seria investigar as causas e não apontar culpados.
Num momento de comoção nacional, o governador teria que ter sido duro. O alvo são os culpados. E os culpados estão claramente identificados: o dono da casa noturna, a banda e o prefeito.
O primeiro violou todas as leis: alvará de funcionamento vencido, descumprimento das recomendações feitas pelo Corpo de Bombeiro em vistoria e – o mais grave – a não abertura de saídas de emergências.
O empresário é acusado, também, de impedir a saída dos clientes em pânico dando ordens à segurança para só liberar mediante o pagamento das comandas.
Os músicos são igualmente responsáveis pelo que aconteceu porque um deles fez uma espécie de show pirotécnico usando um sinalizador num ambiente fechado, o que provocou o incêndio.
Já o prefeito do município, que concede o alvará de funcionamento, foi negligente ao permitir que a boate continuasse funcionando sem cumprir as normas legais e necessárias de segurança exigidas. Triste País em que o seu povo não tem sequer a certeza de que está seguro numa simples casa de diversão!
Triste de um País em que as leis não funcionam, não se respeitam. Triste de um País em que a autoridade soberana do Estado de uma tragédia como esta se apresenta dócil diante de uma consternação pública.
A tragédia se deu num Estado rico, com uma das maiores rendas per capta do País, onde o mínimo que se pode esperar é o funcionamento pleno das instituições. Imagine se essa tragédia tivesse se abatido no Nordeste!
Já estaríamos sofrendo na pele mais uma campanha de discriminação pelas redes sociais, porque somos enteados da Nação, os jecas-tatus, que frequentam casas noturnas sem saídas de emergência, porque por aqui é mais fácil burlar as leis.

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