Patricia Pillar vai gravar mensagem de apoio
Gustavo Uribe
Folha
Em esforço para melhorar seu desempenho eleitoral junto às mulheres, o pré-candidato do PDT à sucessão presidencial, Ciro Gomes, adotará estratégia para tentar desconstruir crítica de que seja machista. A ideia da equipe de campanha é de se antecipar a prováveis ataques de adversários, criando uma espécie de vacina eleitoral a declaração feita pelo presidenciável na disputa eleitoral de 2002.
Na época, perguntado pela imprensa, o então candidato respondeu que um dos papéis na sucessão ao Palácio do Planalto de sua então mulher, a atriz Patrícia Pillar, era dormir com ele.
VIRÁ À TONA – “O episódio com certeza virá à tona porque são poucos os elementos críticos que os candidatos adversários têm contra ele”, disse Miguelina Vecchio, presidente da Ação da Mulher Trabalhista, movimento de mulheres do PDT.
Para tentar reverter a imagem negativa, o presidenciável já disse que a declaração foi talvez “o maior erro” que cometeu na vida. Ele tem lembrado que nomeou mulheres para cargos de destaque e fez questão de lançar sua pré-candidatura no Dia Internacional da Mulher.
O desempenho eleitoral dele junto às eleitoras, contudo, continua fraco. A última pesquisa Datafolha mostrou que, na maior parte dos cenários de primeiro turno, a expectativa de voto das mulheres é quatro pontos percentuais inferior à de homens.
PONTO FRACO – Em esforço para superar o ponto fraco, a equipe de campanha pretende criar um capítulo no programa de governo para políticas de igualdade de gênero e gravar depoimentos com as ex-mulheres do presidenciável: Patrícia Pillar e a ex-senadora Patrícia Saboya.
O coordenador da campanha eleitoral e irmão do presidenciável, Cid Gomes, disse que buscará ambas. “As duas falam muito bem dele e dizem que ele não tem nada de machista. Ele é um homem de mentalidade moderna e de respeito às mulheres”, disse.
Em entrevista recente, Pillar saiu em defesa de Ciro. Ela disse que ele nunca foi machista e não há “a menor chance” de o seu voto neste ano não ser dele.
ESTILO DURO – A avaliação interna é de que um depoimento televisivo da atriz poderá minimizar o impacto do episódio e suavizar a imagem de Ciro. O estilo duro dele é apontado também pela equipe de campanha como uma das causas da resistência das eleitoras.
Além de acenar com a possibilidade de que metade da equipe ministerial seja formada por mulheres, o programa de governo deve propor políticas de combate à violência doméstica e de compensação pela diferença salarial entre homens e mulheres.
“Se forem abertas vagas de trabalho, por exemplo, é possível contratar aquelas que chefiam famílias, melhorando o ingresso e buscando equidade”, disse Miguelina Vecchio.
OLHAR FEMININO – Na avaliação dela, se a campanha do pedetista não tiver um olhar para as questões femininas, ele não ganhará a disputa eleitoral. “Até porque ele está pior exatamente nas mulheres de baixa renda”, afirmou.
No início de julho, o presidenciável discutirá propostas para as mulheres em um encontro com quadros femininos do partido. A equipe de campanha discute também colocar depoimentos de eleitoras de todo o país no horário eleitoral gratuito.
Além das mulheres, Ciro tem apresentado um desempenho mais fraco junto a eleitores jovens, com idade inferior a 25 anos. Para superar a barreira eleitoral, está sendo discutido um encontro dele com influenciadores digitais. A intenção é entrar em contato com celebridades famosas entre o público jovem para que elas façam referência nas redes sociais. Na lista, estão, por exemplo, o cantor Wesley Safadão e o comediante Whindersson Nunes.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Outro candidato que sofre restrições das mulheres é Jair Bolsonaro. Ele e Ciro Gomes têm uma característica comum: ambos são autocarburantes. A qualquer momento eles podem abrir a boca, falar uma bobagem e pegar fogo sozinhos. (C.N.)