Publicado por: Edrian Santos
O Nordeste protagoniza mais uma vez a decisão de um segundo turno para a corrida presidencial no Brasil. O Piauí está num lugar de destaque, já que o governador Wellington Dias (PT) foi reeleito logo no primeiro turno, com resultado das urnas divulgado na noite de domingo (07/10), e vai com tudo para defender o aliado Fernando Haddad (PT) contra o opositor Jair Bolsonaro (PT)
Para além dessa dicotomia esquerda versus direita ou petismo versus antipetismo, o OitoMeia ouviu quem entende do assunto para explicar o fenômeno Wellington Dias no quarto mandato para governador do Piauí. Quem fala é o professor universitário Edmundo Ximenes, doutor em Políticas Públicas que leciona História na Universidade Estadual do Piauí (Uespi).
Para o especialista, Dias mostrou que sua capacidade de estratégia continua ávida rente à busca por aliados, a fim de neutralizar históricos opositores, refletidos num cenário local e nacional. Citando Maquiavel, Ximenes destaca que o empenho de Dias fez com que ele tirasse um ótimo proveito da sorte, alinhando os conceitos de “virtù e fortuna”.
Veja o que foi enumerado pelo especialista ao OitoMeia:
- Manutenção de um eleitorado fiel ao “lulismo”;
- A campanha eleitoral dele focou mais nesta referência do que no que o governo fez;
- Foi acertada também a estratégia de deixar para o último momento a definição de vice-governador, o que impediu a reação mais incisiva de dissidências na base;
- Ele conseguiu isolar Themístocles Filho, o qual teve que recuar para não prejudicar os deputados do MDB que desejam a reeleição;
- Habilmente, garantiu a vaga de vice ao PT e elegeu Marcelo Castro;
- Não obstante sua rejeição ter crescido junto ao funcionalismo público, Wellington Dias conseguiu manter até agora os salários em dias – “Minha hipótese é que o funcionário público concursado na sua maioria preferiu o voto conservador com receio de piorar sua situação com outros candidatos”;
- Dias além de ter aglutinado e mantido sua base, a oposição só começou a fazer maior barulho com denúncias mais incisivas de janeiro para cá.
- O candidato Luciano Nunes só começou com apenas 6 %, diferente de Firmino Filho, que já pontuava em 12%, ainda em dezembro;
- Doutor Pessoa só em julho se apresentou realmente como candidato.
Análises feitas, Wellington Dias reforça o “lulismo” citado por Ximenes. O governador fala em uma “gratidão muito grande” do piauiense e do nordestino em geral pelo trabalho do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma na região, principalmente no que diz respeito à assistência social.
“O povo nordestino depositou a esperança de ver este país voltar ao eixo, prosperar, crescer, gerar oportunidades, empregos. Acho que o Haddad tem uma missão que é muito maior do que nós vivemos, já que estamos vivendo num ambiente muito ruim. No lugar do ódio, temos que colocar muito amor. No lugar da violência, muita paz, para unir o Brasil”, ressaltou Dias ao OitoMeia.