Ficha Limpa não impede o voto sujo, só o eleitor

Por:Zózimo Tavares

Os brasileiros voltam às urnas domingo para eleger seus novos representantes nas prefeituras, vice-prefeituras e câmaras municipais. A cada eleição, busca-se o aperfeiçoamento do processo eleitoral, com o objetivo de assegurar que as urnas manifestem, verdadeiramente, a expressão do voto livre e consciente.

A busca desse objetivo é tormentosa. O exercício da democracia é trabalhoso. Contudo, o processo avança, apesar de suas imperfeições. Nestas eleições, por exemplo, muitos políticos com a biografia borrada de malfeitos já ficaram pelo caminho. Eles estavam prontos para serem candidatos, mas foram barrados pela Lei da Ficha Limpa.
A Justiça Eleitoral lança mão dos instrumentos ao seu alcance para que o candidato possa expor suas ideias e propostas e também apontar defeitos nos concorrentes. Daí a propaganda eleitoral gratuita no rádio, na TV e na praça pública. Os meios de comunicação também procuram colaborar, divulgando os passos dos candidatos, promovendo debates entre eles e noticiando eventuais abusos.
Além da Justiça Eleitoral, instituições compromissadas com a cidadania, em todos os campos, se desdobram para esclarecer o eleitor e também para garantir que ele possa votar segundo a sua consciência. O Ministério Público Eleitoral entra em campo para fiscalizar as convenções, os registros de candidaturas, a campanha, a propaganda, a votação e a apuração, para combater os excessos e as fraudes. Enfim, para observar o cumprimento das regras do jogo.
Tanto esforço se torna em vão, entretanto, se o eleitor – a principal peça de todo esse processo – não fizer a sua parte, se ele abrir mão do seu direito ao voto limpo e livre; se ele jogar sua consciência na lata do lixo e vender ou trocar o voto por alguma vantagem pessoal, de imediato ou no futuro.
Nesse caso, o que se apresenta para ele como um proveito particular, instantâneo, resultará inevitavelmente em sacrifício de toda uma coletividade, futuramente, se o comprador de voto for eleito.
Quem compra voto não está bem intencionado. Quem vende, também não. Disso resulta a representação política viciada e corrupta que passa a ser deplorada depois do pleito.

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