A grilagem tem gerado violência e tensão no litoral do Piauí
O secretário estadual de Segurança Pública, advogado Chico Lucas, propôs a criação de uma grande Força Tarefa, composta por instituições dos governos estadual, federal e municipal, e dos poderes Legislativo, Judiciário para combater a grilagem de terras e a formação de milícias em municípios do litoral do Piaui. A ideia é “varrer” esses tipos de crimes no Estado.
O secretário Chico Lucas informou que o grupo de trabalho que está propondo contará com a participação direta do Instituto de Terras do Piauí, Secretaria de Patrimônio da União, Defensoria Pública da União e do Estado, Polícia Federal, Ministério Público Federal e Estadual, Tribunal de Justiça do Piauí e Justiça Federal.
Nesta terça-feira (16), o secretário deu início ao trabalho de combate às milícias. Ele determinou que a Corregedoria da Polícia Militar investigue a atuação de policiais na formação de milícias para dar suporte à grilagem de terras nos municípios de Parnaíba, Luis Correia e Cajueiro da Praia, no litoral do Piauí.
O pedido de apuração foi feito em decorrência de denúncia formalizada na Secretaria de Segurança e no Ministério Público Federal pelo defensor público da União, José Rômulo Plácido Sales. Segundo ele, policiais militares e civis estariam usando suas funções e equipamentos para ameaçar e intimidar pessoas humildes a mando de grileiros.
De acordo com Rômulo Plácido, as vítimas são pescadores e lavradores que sempre usaram tradicionalmente as terras para as atividades de subsistência, como crianção de pequenos animais e plantio de pequenas roças de milho, feijão e mandioca.
As investigações preliminares revelam que os maiores focos da grilagem no litoral do Piauí são em Barra Grande, no município de Cajueiro da Praia, no povoado Macapá, em Luis Correia, e na Ilha Grande, em Parnaíba. Mas o secretário Chico Lucas garante que esses lugares ficarão livres de criminosos.
De acordo com a denúncia em poder do Ministério Público e do secretário de Segurança, os moradores são ameaçados, constrangidos e expulsos pelos milicianos para grilar as terras no litoral, como está ocorrendo na comunidade Borogodó, na área da chamada Nova Barra Grande.
Além da apuração da Secretaria Estadual de Segurança a denúncia também foi levada ao Ministério Público Federal e já foi encaminhada para a Polícia Fedral, que já instaurou inquérito para tratar da ação desses grupos criminosos de grilagem das terras da União.
O defensor público explica que com a expansão do turismo no litoral do Piauí, notadamente em Cajueiro da Praia, as terras passaram a ter um valor econômico muito grande. “Isso trouxe a cobiça de grileiros que vão ao litoral para se apropriar das terras e explorá-las economicamente em detrimento das comunidades tradicionais que lá residem há décadas, desde quando a terra não tinha essa expressão econômica que tem hoje”, comenta Rômulo.
“Nós não somos inimigos da expansão do turismo, da indústria do turismo, que traz empregos, traz renda para o nosso estado. Mas é preciso que isso seja feito de maneira ordeira e respeitando os interesses das comunidades tradicionais, dos pescadores que lá moram há séculos. É preciso que tudo seja legalizado”, completa o defensor público Rômulo Plácido.
O secretário Chico Lucas determinou que a denúncia da Defensoria Pública da União, uma instituição federal seja encaminhada à Corregedoria da Polícia Militar do Piauí para investigar a participação de policiais militares e à Delegacia Geral da Polícia Civil para que seja aberta uma investigação por meio do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO).
“Não iremos tolerar a atuação de milicianos no Piauí, e já determinamos que os agentes da Segurança que mantenham condutas públicas e/ou privadas incompatíveis com a função policial tenham punições exemplares a fim de coibir esse tipo de prática danosa na Forças de Segurança do nosso Estado”, concluiu o secretário Chico Lucas.