O governo do Piauí decidiu investir pesado ou melhor, milionário na chamada era digital. Firmou um contrato de R$ 10.220.000,00 com uma empresa especializada para desenvolver sistemas de inteligência artificial. A justificativa oficial é “parceria estratégica” e “soberania digital”. No papel, é inovação. Na realidade, é uma fortuna artificial. Enquanto isso, no mundo real, R$ 10 milhões no Piauí dariam para perfuração de quase 200 poços artesianos, que abasteceriam comunidades inteiras.

Dariam para reformar dezenas de escolas, climatizar salas, comprar carteiras, laboratórios e merenda. Dariam para equipar postos de saúde, garantir medicamentos e até ambulâncias. Mas o governo preferiu investir essa fortuna na inteligência artificial. Tecnologia é importante, claro. Mas para grande parte da população, esse dinheiro parece mais com distanciamento artificial: investimentos sofisticados, futuristas, enquanto faltam água, médico e escola básica. A inteligência pode ser artificial, mas a necessidade do povo é real. Porque o sertanejo piauiense não mata a sede com um copo de inteligência artificial. (Silas Freire)