
Charge do Sinovaldo (Jornal VS)
Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
Lula acertou mais do que errou na campanha eleitoral, mas está errando mais do que acerta na arquitetura de seu governo. Por exemplo: com 1,4 bilhão de habitantes, a China tem 26 ministérios; os Estados Unidos, com 337 milhões de habitantes, têm 15 departamentos executivos, que equivalem a ministérios; o Paquistão, com 234 milhões, tem 24 ministros; a Nigéria, com 216 milhões de habitantes, tem 28 ministérios e 48 ministros; e a Índia, com 1,4 bilhão de habitantes, 61 ministérios, o mais recente é o da Ioga e Homeopatia.
Lula está montando uma estrutura administrativa mais próxima dos modelos da Índia e da Nigéria, perto de 40 ministérios. O critério não é a qualidade e produtividade da gestão: é o arranjo e a acomodação políticas, mesmo que não aumente o número de cargos.
CUSTO POLÍTICO – Além disso, a conciliação com o orçamento secreto terá um custo político mais alto a longo prazo. Lula está cedendo à chantagem do Centrão quanto aos compromissos assumidos por Bolsonaro e não cumpridos. Cometeu o erro de comandar a condução política do seu governo antes da posse.
Não precisava aumentar o teto de gastos por emenda constitucional, para garantir o Bolsa Família. Deveria deixar o fechamento das contas de 2022 para o atual governo, empurrar com a barriga a aprovação do Orçamento da União e resolver o problema dos R$ 600 do Bolsa Família, mais R$ 150 por criança até seis anos, por medida provisória, no primeiro dia de mandato.
A Lei Orçamentária diz que o Executivo pode gastar até 1/12 por mês até a aprovação do Orçamento.