Coluna do Jornalista José Olímpio
A notícia de que o apresentador Ieldyson Vasconcelos, da TV Meio Norte, seria contemplado com uma emenda parlamentar no valor de R$ 400.000,00 para animar uma prévia de carnaval no Parque Poticabana teve ampla repercussão na mídia e provocou o cancelamento do repasse da generosa verba.
O governador Wellington Dias (PT), por meio de sua coordenadoria de Comunicação, tratou logo de colocar panos mornos dizendo que se tratava de um engano, que não teria autorizado essa despesa e mandou suspender de imediato o repasse dos recursos.
Menos mal. É bom frisar, no entanto, que não houve engano algum. Quem assinou a Emenda foi o deputado estadual Carlos Augusto, ex-comandante da Polícia Militar, e amigo dos mais próximos do governador e da deputada federal Rejane Dias.
Para que seja liberada uma emenda parlamentar, o interessado deve solicitar a um deputado, por meio de ofício e com a devida justificativa, acompanhada de um projeto, o que certamente fez o senhor Ieldyson Vasconcelos.
O autor da Emenda, deputado Carlos Augusto, por sua vez, sabia o que estava fazendo, a que se destinavam os recursos. Portanto, esse negócio de “equívoco” é conversa fiada.
Pegou mal, muito mal a nota do Governo dizendo que tudo não passou de um engano e a declaração do deputado Carlos Augusto de que sua emenda tinha outra destinação. Isso é grave, é muito grave. Alguém então falsificou a assinatura do deputado? De quem foi o equívoco?]
A emenda neste caso saiu pior que o soneto. A farra com o dinheiro das emendas parlamentares impositivas vem desde quando foram instituídas. A maior parte dos recursos é destinado a obras e serviços paroquiais nos municípios onde os deputados são votados, quando não com carnaval fora de época, contratações de bandas de fora com valores superfaturados.
É bem verdade que alguns deputados, da oposição e da situação, dão às suas verbas uma destinação correta, aplicando os recursos nas áreas de saúde, educação, cultura e em atendimento de outras necessidades básicas da população dos municípios que representam. Mas, são pouco os que fazem isso.
No Orçamento do Estado para 2020, com receita bruta prevista de 16 bilhões e transferências e deduções de 2,9 bilhões, foi fixado um valor de R$ 50 milhões para as emendas parlamentares impositivas, o que dividido por 30 deputados, dará para cada um a cifra de R$ 1 milhão e 600 mil, que eles gastam como bem entendem.
O caso nos remete também às boas relações do governo petista com o Grupo Meio Norte de Comunicação, o preferido de Wellington Dias e seus áulicos.
O Ministério Público do Estado andou anunciando uma intervenção para por fim à farra com o dinheiro das emendas parlamentares, mas parece que ficou apenas na boa intenção, como deixa crer o escândalo envolvendo o apresentador da TV Meio Norte.
Fonte:Diário do Piauí