O Ministério Público Estadual (MPPI) está cobrando da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) a abertura de leitos de unidade de terapia intensiva no Hospital da Polícia Militar em Teresina para o enfrentamento da Covid-19.
Segundo o MP, o Hospital da Polícia Militar possui unidade própria para UTI que ainda não está sendo utilizada – Foto: O Dia
Segundo o Grupo das Promotorias Integradas no Acompanhamento da Covid-19 – Eixo Saúde, o HPM possui centro cirúrgico, setor completo de nutrição, central de resíduos, farmácia, almoxarifado, 99 leitos clínicos, espaço próprio para o funcionamento de uma UTI de 10 leitos faltando apenas a instalação de gases e a contratação de pessoal.
No entanto, com a pandemia, o hospital passou a funcionar com apenas 10 leitos de internação, dois leitos de estabilização, uma área de triagem de pacientes e uma central de esterilização, isso em razão do afastamento dos profissionais de saúde que declararam que pertencem ao grupo de risco da Covid-19.
Em videoconferência realizada no dia 28 de abril com membros do Ministério Público, a Sesapi se comprometeu junto ao MP de instalar dez leitos de UTI no HPM até o dia 15 de maio, quando seria o marco inicial do pico da Covid-19 no Piauí. No entanto até hoje (18) isso não foi feito, segundo o que aponta o promotor Eny Marcos Pontes, coordenador do Grupo de Promotorias.
O representante do Ministério Público lembra que, conforme o boletim epidemiológico do último dia 15, a ocupação total de leitos com respiradores no Piauí já ultrapassava os 45% e a ocupação dos leitos exclusivos de UTI para covid-19 já chegava a 51%, sendo que só em Teresina, essa taxa já era superior a 60%. Ainda segundo a própria Sesapi no boletim divulgado ontem (17) à noite, o estado já possui 2.287 casos confirmados da Covid-19 com 359 pacientes internados, sendo que 236 deles estão em leitos clínicos, 121 estão em leitos de UTI e dois encontram-se em leitos de estabilização.
O promotor Eny Pontes chama a atenção para a necessidade de se ampliar a rede de enfrentamento ao coronavírus. “No momento de grande circulação de um vírus novo que não se tem vacina, com o aumento progressivo da doença, não é razoável que não se tenha um incremento na rede de saúde pública existente e que não seja utilizado em sua plenitude um hospital com 99 leitos clínicos e possibilidade de instalação em local próprio de UTI com 10 leitos”, pontuou.
Promotor Eny Marcos Pontes, coordenador do Grupo de Promotorias Integradas – Foto: O Dia
Eny lembrou ainda da situação dos Estados do Ceará e do Maranhão, que já enfrentam colapso em seus sistemas de saúde, inclusive com a formação de filas de espera por um leito de UTI. “Vamos esperar que aconteça o mesmo ou vamos agir enquanto há tempo? Não há o mínimo de racionalidade em deixar de aproveitar um equipamento do porte do Hospital da Polícia Militar com a UTI estruturada praticamente concluída num enfrentamento que, segundo as autoridades de saúde, é o maior desafio do século”.
O representante do Ministério Público finaliza destacando que o HPM está em condições de dispor de uma unidade de saúde incluída no fluxo para referenciamento da Covid-19.(Por: Maria Clara Estrêla)