Na Bíblia há fenômenos mediúnicos, mas os cristãos silenciam sobre eles

José Reis Chaves
O Tempo

Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, é um ser humano desencarnado. Portanto, um contato com ela na verdade é com seu espírito. Isso é um fenômeno mediúnico que dispensa comentários. E fica claro também que, nas aparições de Fátima, em Portugal, Lúcia, Jacinta e Francisco eram médiuns videntes. A mediunidade é universal e existe desde que o homem existe. Ela é inata, embora sua manifestação possa ocorrer em diferentes fases da vida, inclusive nos últimos momentos antes da morte.

A literatura mundial de todos os tempos é rica de registros de pessoas que conversam com as que já morreram e que lhes aparecem. E mediunidade não é característica de santidade.

MEDIUNIDADE – Pessoas de qualquer religião, ou sem nenhuma e mesmo ateias podem ser médiuns. Toda pessoa tem um pouco de mediunidade. E há as que a têm num grau especial ou ostensivo. São as que incorporam espíritos que enviam mensagens escritas, por meio delas. São os médiuns psicógrafos. Existem também os médiuns de psicofonia, através dos quais, espíritos falam em discursos, palestras e até para a formação de livros. E, desde os anos 50, mais ou menos, as falas são gravadas e, depois, ouvidas e passadas por escrito.

Na Bíblia, há vários fenômenos mediúnicos que muitos líderes cristãos que os percebem ficam em silêncio sobre eles. É que uma lei de Moisés, não de Deus, proíbe o contato com os espíritos (Deuteronômio capítulo 18). E muitos desses líderes religiosos ainda hoje confundem esse verbo proibir com o existir.

SÓ O CONTATO – Ora, Moisés só proibiu o contato com eles. Ele não diz que o espírito não existe. E essa proibição até confirma que o contato existe mesmo, pois Moisés não era maluco de proibir uma coisa inexistente! E ele proibiu o contato com os espíritos dos mortos e não com outra suposta categoria de espíritos. Ademais, os demônios, “daimones” no grego, língua original do Novo Testamento, são os espíritos dos mortos, e entre os quais há sim os maus ou ainda impuros, mas há também os bons e até os santos. No entanto, lamentavelmente, muitos dos líderes religiosos que sabem do que estamos falando, não esclarecem essa questão para seus fiéis. E disso vão prestar contas. Um erro, mesmo sendo antigo, não se justifica!

Na Bíblia, há muitos exemplos de fenômenos de aparições e manifestações de espíritos dos mortos. Referindo-se a Samuel, diz ela que ele, até depois de morto, profetizou (Eclesiástico 46: 20). Com a médium de En-Dor, temos um exemplo dessa verdade, quando Samuel, já desencarnado, manifesta-se a Saul (1 Samuel capítulo 28).

JESUS E PAULO – E até Jesus, depois de sua morte, comunica-se com Paulo, na estrada de Damasco, o que é também um fenômeno espírita ou mediúnico. Há, sem dúvida, uma grande diferença entre essa manifestação do Espírito do excelso Mestre e as dos espíritos de outros seres humanos. A própria luz, através da qual Jesus se manifesta a Paulo, o comprova, pois ela era tão intensa que Paulo até ficou cego. Depois, ele foi curado por Ananias. É muito comum os Espíritos se apresentarem em forma de luz ou fogo. E quanto mais perfeitos eles forem, mais brilhantes são as suas respectivas luzes. Não é, pois, surpreendente que a Luz do Espírito de Jesus seja tão brilhante a ponto de provocar cegueira.

Mas o que queremos destacar é que, se os fenômenos espíritas ou mediúnicos são tão verdadeiros que estão até na Bíblia, por que os de Nossa Senhora de Fátima não poderiam ser também da mesma natureza mediúnica?

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