Por:José Olímpio Leite de Castro (Jornalista)
Entre os cientistas políticos brasileiros, da direita e da esquerda, só existe uma unanimidade: a imprensa é a grande responsável pelo descrédito da classe política.
Em parte, é verdade, graças a Deus. Quando desnuda as mazelas e vicissitudes dos detentores do poder, seja na esfera pública ou privada, a imprensa cumpre o seu dever de manter a sociedade bem informada e em certa medida alimenta, sim, a aversão pela atividade política.
Mas, seria correto atribuir à imprensa a culpa pelas práticas nada republicanas de trânsfugas e carreiristas que infestam nossas casas legislativas e os palácios onde impera a política do toma lá, da cá? Não é a cultura patrimonialista de nossos “dignos” representantes que coloca em xeque a atividade política?
A experiência traumática por que passamos com os escândalos do Mensalão e do Petrolão pode levar o país a uma reflexão e resultar numa benéfica mudança das práticas e costumes políticos.
Não fosse a vigilância da imprensa, o lixo todo seria jogado debaixo do tapete e tudo continuaria como dantes no quartel de Abrantes.
A propósito, é sempre bom recorrer ao íntegro e sábio Rui Barbosa, cujas lições continuam atualíssimas:
“A imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça”
Quando você encontrar um político falando mal da imprensa, desconfie dele. Político honesto não tem medo de jornalista e sabe que sem uma imprensa livre não há democracia.
O jornalista, como todo e qualquer profissional, pode cometer erros, mas prefiro aquele que erra na tentativa cumprir o seu dever, do que aqueles que se omitem e se acoelham diante dos poderosos.