Esse hábito de lançar postes em disputas eleitorais ganhou força no Brasil nos últimos anos. Uma provável razão para isso é a libertinagem que os gestores públicos encontram para usar a abusar da máquina pública nas campanhas eleitorais. Com a estrutura do poder em mãos e a omissão da Justiça Eleitoral diante de tantas irregularidades, muitos políticos se sentem confiantes em colocar qualquer poste numa disputa eleitoral e torná-lo competitivo.
As táticas para abusar do poder e usar a máquina pública a serviço de um candidato são manjadas, mas o Poder Judiciário faz pouco ou quase nada diante de uma realidade que qualquer pessoa consegue ver. Cria-se programas eleitoreiros para promoção de candidatos, coloca-se a estrutura de mídia governamental a serviço do candidato e compram apoios com a estrutura pública, seja com cargos ou vantagens no poder.
A facilidade para emplacar os “postes” também se dá pela dependência que muitas lideranças políticas têm do poder. Com benesses de toda ordem, aceitam, muitas vezes a contragosto, a indicação de qualquer neófito por parte do chefe político maior. No interior, por exemplo, é comum vereadores nunca chegarem ao cargo de prefeito, pois, mesmo possuindo relevância política local, não têm autonomia e se sujeitam a apoiar qualquer nome.
Uma evidência de que o abuso do poder e a omissão do Judiciário favorecem o surgimento dos postes é que esse tipo de candidato quase sempre é ligado a algum grupo situacionista. Raramente são de oposição. Sem máquinas a seu favor, oposicionistas são sempre levados a escolher nomes que já apresentaram algum tipo de potencial eleitoral e que são conhecidos da população.
O regramento eleitoral brasileiro prevê que as disputas eleitorais devem acontecer com paridade de armas entre candidatos, garantindo o equilíbrio de forças. Uma regra linda no texto e utópica na prática.(Por:Gustavo Almeida)