Piauí é estado recordista em ligações para o CVV: “Toda dor não vem do nada”

O voluntário do CVV Eyder Mendes (Foto: Ricardo Moraes/ OitoMeia)

O Piauí é um dos três estados brasileiros que está acima da média nacional em número de casos de suicídio, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os registros são de 10,1 mortes em 100 mil habitantes. Pensando nisso, o OitoMeia conversou com um membro do Centro de Valorização da Vida (CVV) de Teresina, em uma reflexão sobre a importância do acolhimento e da procura por ajuda. O estado também é o recordista em ligações para a plataforma, com o maior número de pessoas, em termos proporcionais, precisando de apoio psicológico.

O CVV atua no Brasil há 55 anos e no Piauí o trabalho acontece desde 1984. Os atendimentos acontecem pelo telefone que é o principal meio de trabalho do Centro. Atualmente, a rede também está na internet pelo site www.cvv.org.br e pelo telefone 188, que desde julho de 2017, é gratuito em todo país. A gratuidade de ligações elevou o número de socorridos, passando da média de 1 milhão de atendimentos por ano para 3 milhões.

“O Piauí é o recordista em termos de pessoas que ligam para o CVV computada a proporção da população. Já em termos objetivos é São Paulo. Isso mostra que muita gente do Piauí precisa de apoio profissional. Antes da gratuidade, prestávamos cerca de 300 atendimentos por mês e saltou para cerca de 1800 no nosso posto, de todos os lugares do Brasil”, declarou Eyder Mendes, atendente e coordenador de divulgação do CVV Piauí.

BUSCA POR ACOLHIMENTO

Eyder presta trabalho voluntário há 12 anos e lida diretamente com os pessoas que ligam para a plataforma já sem motivação para seguir vivendo. Segundo ele, o fator comum entre elas é o desespero e a busca pelo alívio de uma dor.

“São pessoas que estão desesperadas e desesperançadas por algum motivo. Um dos fatores é a solidão que leva muita gente a buscar suicídio porque não vê mais sentido para a vida e se vê abandonada, sem filhos, esposos e esposas. São geralmente pessoas idosas, doentes, que não tem amparo. Término de casamento ou namoro, são pessoas que acham que o mundo caiu. Assim como os casos de abuso sexual, muitas crianças ligam para nós relatando abusos vindo dos pais. O preconceito homoafetivo também é muito recorrente, pelos jovens que se vêm não compreendidos pela família. Elas veem o suicídio como um alívio a dor, e ao preconceito”, afirmou o voluntário. (Shelda Magalhães)

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