Por:Cláudia Brandão
O século XXI, ao contrário do que se esperava, não veio acompanhado do progresso social no que diz respeito aos serviços básicos oferecidos à população. Pelo menos, não aqui, no Piauí. É o que retrata o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE.
De acordo com a pesquisa, o Piauí apresenta a menor proporção de domicílios no país com rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral de esgotamento sanitário, com apenas 8,9% das residências do estado usufruindo desse serviço. Nos vizinhos estados do Maranhão e Ceará, a proporção é bem maior. Enquanto o Maranhão apresenta um percentual de 19,5% dos lares ligados à rede de esgotos, no Ceará esse índice alcança 44,9%.
Nem mesmo o fornecimento diário de água é garantido à totalidade dos lares piauienses. Na verdade, com relação a esse serviço, houve uma queda de 2016 para 2017. Até 2016, segundo o IBGE, havia 93,8% dos domicílios piauienses com disponibilidade diária de água, mas esse percentual caiu para 91,3% no ano passado.
Ora, água potável e saneamento básico são dois indicadores fundamentais para a saúde pública. Se a população não dispõe desses dois serviços, as condições de higiene tornam-se precárias e as de saúde, idem. Não é a toa que os postos de saúde vivem lotados de pacientes com mazelas perfeitamente evitáveis se houvesse condições dignas de saneamento em casa.
Paradoxalmente, enquanto menos de dez por cento dos domicílios piauienses estão ligados à rede de esgoto, 50,3% estão conectados à internet. Quem sabe, agora, com mais acesso à informação, os piauienses possam cobrar dos seus gestores o investimento necessário em serviços essenciais como água e saneamento básico.