Combate à violência: ações coordenadas ajudam a explicar a queda do número de assassinatos em 22%
Os dados do Monitor da violência incluem os registros de todos os estados e do DF. E confirmam a tendência de queda registrada nos dois primeiros bimestres do ano. De janeiro a junho, foram mais de 6 mil assassinatos a menos no país: 21.289 este ano contra 27.371 no mesmo período do ano passado. O Ceará se destaque entre todos: reduziu a violência em 53,1%.
O estudo classifica os estados por faixas, cada uma com 12 pontos percentuais. O resultado tem a primeira faixa, com redução de 48 a 59% – é onde está o Ceará. Na faixa de 36% a 47% o Nordeste não tem nenhum estado. Na faixa de redução de 24 a 35%, são 5 estados: Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Nordeste. Já Maranhão e Bahia estão na faixa seguinte, que conseguiram reduzir entre 12 e 23%. A última faixa inclui os estados com desempenho abaixo dos 12%. É onde está o Piauí
No impacto bruto da redução no quadro geral brasileiro, o Ceará contribuiu com 20% do total e o Piauí aparece em penúltimo lugar, atrás apenas de Roraima. Esse dado, no entanto, tem um lado positivo: o Piauí segue com índice relativamente baixo de homicídios e soma poucos homícios no volume global. O “relativamente” tem a ver com uma outra realidade: o Brasil segue como campeão mundial de assassinatos (com projeção de mais de 40 mil homicídios este ano). E nesse quadro trágico, tem estado em situação bem pior.
Redução passa por cooperação e inteligência
O governo federal e os estados comemoraram a queda no número de assassinatos no primeiro semestre. E têm motivos. O resultado apontado pelo Monitor da Violência pode ser explicado por alguns fatores, e dois ganham destaque: a cooperação entre estados e União; e mudanças da forma de ação, com ênfase na inteligência. A cooperação ficou visível já em janeiro, quando um levante no Ceará teve o imediato apoio do ministério da Justiça e Segurança Pública.
Ações de inteligência incluem um monitoramento mais intenso e preciso da movimentação da bandidagem. A lista de protocolos relaciona a transferência de lideranças das organizações criminosas e, também, um maior controle das visitas – o que impede a ordem de comando de dentro para fora dos presídios.
As mais de 40 mil mortes projetadas para este ano dizem que ainda precisamos fazer muito. Mas pelo menos demos um passo.
Por:Fenelon Rocha