Parlamentares sem prestígio em Brasília: cargos seguem vagos

Onyx Lorenzoni: ministro bem que tentou emplacar indicações políticas nos cargos federais, mas não conseguiu

Mais de seis meses depois da posse de Jair Bolsonaro no Planalto, a indicação para os cargos federais nos estados segue indefinida. E o mundo político, que sempre apostou nessas indicações como correia de transmissão para realização de suas demandas próprias e paroquiais, segue esperando. Há um claro descontentamento, que não ganha voz explícita, a não ser em um ou outro “troco” que parlamentares dão em votações de interesse do governo no Congresso.

Desde antes da posse, Bolsonaro dizia que não daria a caneta aos parlamentares. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni – que é deputado federal pelo Rio Grande do Sul – bem que tentou viabilizar as demandas dos congressistas que, em regra, eram os “padrinhos” dos ocupantes dos cargos federais nos estados. Chegou a receber coordenadores de bancadas estaduais no Congresso. E até recebeu a lista de preferência de cada parlamentar. Não foi adiante. No caso do Piauí, sabia-se o que cada deputado ou senador governista indicaria.

Não foi adiante. No Palácio do Planalto prevaleceu a vontade do núcleo técnico mais próximo a Bolsonaro, em detrimento dos articuladores políticos, como Lorenzoni. E as indicações vão saindo a conta-gota e aos gosto do Planalto. Um exemplo é o que ocorreu na escolha do novo presidente da Codevasf. O posto era reivindicado por meio mundo da política nordestina. O cargo terminou cabendo a um militar de alta patente – o general de brigada Pedro Fioravante.
 

Nos estados, um festival de interinos

A regra que prevalece no governo Bolsonaro é não ceder às demandas políticas. E muitos cargos seguem vagos – ou melhor, ocupados por interinos. Nos estados, há um festival de interinos. Em alguns casos, são antigos ocupantes que permanecem, fragilizados, à espera do titular que estar por vir. O problema é que os esperados novos ocupantes não chegam.

Essa situação termina implicando em gestores com pouca autonomia. Os que não foram tirados ou pediram para sair seguem no posto mas sem carta branca. E os interinos de longo curso – uma quase interminável interinidade – simplesmente não se sentem autorizados a voos maiores, já que estariam só passando uma chuva.

Enquanto essa demorada chuva não passa, o mundo político espera. E espera sentado.

POR: Fenelon Rocha

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