Presidente do TCE-PI critica gastos com shows em cidades com situação de emergência

 O presidente do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), conselheiro Kennedy Barros, fez duras críticas a gestores públicos que destinam grandes somas de recursos para a realização de shows e eventos de grande porte em municípios do interior, mesmo diante de cenários críticos de seca e precariedade nos serviços essenciais. Um levantamento da Associação Piauiense de Municípios (APPM), aponta que ao menos 127 das 224 cidades do estado estão atualmente com decretos de emergência vigentes por conta da seca ou da estiagem prolongada.

presidente do TCE, conselheiro Kennedy Barros - (Assis Fernandes/ODIA)Assis Fernandes/ODIA

presidente do TCE, conselheiro Kennedy Barros

Ao O Dia, Kennedy questionou a coerência de administrações municipais que priorizam festas milionárias em detrimento de áreas fundamentais, como saúde e educação.

“Eu faço de já um questionamento: como pode um município que decreta emergência anunciar um show com uma banda famosa de um milhão de reais? Um município que não tem medicamento no posto de saúde, que não tem alimento na escola para os alunos, que não tem limpeza pública eficiente e tem dinheiro para fazer uma festa nessa monta?”, criticou.

O presidente também sugeriu que os gestores considerem valorizar os artistas locais, como forma de incentivo à cultura regional e de uso mais racional dos recursos públicos.

“E faço uma reflexão, por que essas festas não podem ser valorizando a cultura local, os talentos locais? Qual desses grandes artistas nacionais que já nasceram grandes? Eles começaram em pequenas atividades e se destacaram até chegar nesse ponto. Eu estou com isso, dizendo que é impossível fazer grandes eventos? Não. Eu sei que tem calendários que até exigem deles não são nem com recurso próprios, são com emendas parlamentares específicas para isso”, ponderou.

Apesar de reconhecer a autonomia dos municípios, o conselheiro reforçou que o Tribunal de Contas tem a responsabilidade de zelar pelo bom uso do dinheiro público, e que os excessos não passarão despercebidos.

“O tribunal não pretende se intrometer na gestão mas procura fazer valer que gestão tem princípios e bom senso. No meu entendimento, gastar muito com banda cara, quando não se faz o dever de casa, em questões tão básicas como medicamento do posto de saúde, salário atrasado, me parece por demais incompatível. E claro que na hora do julgamento das contas, tudo isso é levado em consideração”, concluiu.

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.