Por:Zózimo Tavares
Começa hoje a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Os programas serão exibidos nos horários reservados à Justiça Eleitoral até 2 de outubro. Em todo o país, os partidos, candidatos e simpatizantes apostam muito no chamado “palanque eletrônico” como um divisor de águas da campanha.
Não é bem assim. A propaganda eleitoral ajuda a impulsionar as candidaturas, mas não faz milagres. Ela torna os candidatos mais conhecidos, mas não lhes assegura vitória. É também um fórum para a divulgação de suas propostas e de suas posições políticas e ainda para veiculação de críticas aos adversários e refutação das que receberem deles.
Os programas engessam os candidatos, que ficam praticamente reféns dos marqueteiros. Eles não são eles mesmos quando se dirigem ao eleitor. São garotos-propaganda fazendo as vezes de políticos, bem produzidos, com gestos calculados e falas estrategicamente dirigidas, a partir do vocabulário e da entonação de voz. Puro teatro.
O ideal era que cada candidato falasse ao eleitor olho no olho, sem intermediários e sem os arranjos da plasticidade oferecidos pelo marketing eleitoral. As interferências do marketing nas campanhas eleitorais são tantas que os candidatos se tornam fakes deles mesmos. A exceção vale apenas para os candidatos dos pequenos partidos.
Com o desinteresse que há pela política, atualmente, os candidatos precisam, em primeiro lugar, conquistar audiência para seus programas. São muitos os eleitores que, já saturados de tanta promessa não cumprida e das incoerências dos políticos, simplesmente ignoram a propaganda no rádio e na TV.
Esta não é, evidentemente, a melhor atitude. O melhor que o eleitor pode fazer em defesa de seu voto é se esforçar para acompanhar cada programa, por mais ruim ou mais falso que possa parecer, seja dos candidatos a cargos majoritários, seja dos postulantes a cadeiras no Legislativo. O eleitor fica conhecendo mais as artimanhas dos candidatos já a partir daí.